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Diabetes e câncer de pâncreas: uma via de mão dupla

Essas doenças têm uma profunda ligação, e uma aumenta o risco da outra

O pâncreas, órgão responsável por, entre outras atividades, produzir enzimas digestivas e insulina, pode ser acometido por duas doenças sorrateiras: o diabetes e o câncer. Ambas costumam ser silenciosas em um primeiro momento. E, sobretudo se detectadas tardiamente, trazem consequências sérias. 

O diabetes surge quando o corpo não consegue produzir ou utilizar adequadamente a insulina. O câncer, por outro lado, ocorre quando células do pâncreas começam a crescer descontroladamente, formando tumores. Apesar de distintas, essas enfermidades têm uma ligação profunda — e de mão dupla. 

O diabetes como fator de risco para câncer de pâncreas…

Pessoas com diabetes tipo 2 têm um risco aproximadamente duas vezes maior de desenvolver câncer de pâncreas. Isso porque a resistência à insulina e níveis elevados de glicose no sangue (a hiperglicemia crônica), típicas dessa doença, podem contribuir para um ambiente que favorece o crescimento celular anormal.

Além disso, fatores associados ao diabetes tipo 2, como obesidade, sedentarismo e dieta rica em açúcares e gorduras, também aumentam a probabilidade do surgimento de câncer de pâncreas.

…e o câncer de pâncreas como fator de risco para diabetes

Não é difícil entender a justificativa para isso. Ora, tumores pancreáticos podem interferir na capacidade desse órgão de produzir insulina.

Um diagnóstico repentino de diabetes, especialmente em adultos com mais de 50 anos e sem histórico familiar, pode, em alguns casos, ser um sinal precoce do câncer de pâncreas.

No mais, fique de olho nestes sinais de alerta:

  • Mudanças abruptas no controle glicêmico em pessoas já diagnosticadas com diabetes: por exemplo, dificuldade súbita em controlar níveis de açúcar no sangue, mesmo seguindo o tratamento habitual;
  • Perda rápida e inexplicável de peso (isso, aliás, também pode ser um sinal de diabetes avançado);
  • Dor abdominal persistente e problemas digestivos frequentes.

É desafiador diagnosticar cedo ambas as doenças, porém existem algumas estratégias. Se você possui diabetes tipo 2, é importante realizar exames regulares, controlar rigidamente os níveis de açúcar no sangue e estar atento a mudanças inesperadas na saúde para pegar um eventual tumor de pâncreas nos primeiros passos.

Exames de imagem, como ultrassonografia abdominal e tomografia computadorizada, também podem ajudar no diagnóstico quando sintomas suspeitos surgem.

Caso perceba sinais suspeitos, procure um médico imediatamente. Avaliações clínicas detalhadas são essenciais para descartar ou confirmar o diagnóstico precocemente.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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