Olhar da Saúde-Thumbs-Fosfena

Fosfena: se nunca ouviu, provavelmente já viu!

A experiência proporcionada pelo sistema visual tem um nome pouco conhecido pela maioria das pessoas, mas cujo significado merece nossa atenção

Não foram poucas as vezes que o autor deste texto, em sua infância, se percebia divagando de olhos bem fechados. Eram pensamentos aleatórios, que a memória já apagou há muito tempo, certamente por não reconhecer neles nenhuma importância. O que o então menino de fato registrou, da maior parte desses momentos, foi o que ele via justamente na quase completa ausência de luz, originada do fechamento proposital das pálpebras: pontinhos luminosos e dourados, multiplicando-se com uma facilidade impressionante. Para tanto, bastava que o garoto, já admirado, continuasse atento àquela imitação de espaço sideral – com os olhos cada vez mais apertados.

O que na época ele não imaginava é que esses pontinhos tinham nome, ou seja, que a ciência já devia tê-los registrado há séculos – tanto que foi através de uma estudante de Medicina que o garotinho, anos depois e já não mais garotinho, ouviu falar pela primeira vez (com atenção, pelo menos) em fosfena. 

O dicionário Aulete traz um verbete muito parecido – “fosfeno”, e mais uma variação, “fosfênio” –, mas todos eles significam a mesma coisa: impressão luminosa, resultante da compressão dos olhos. Ou seja: não se trataria exatamente de uma visão (já que os olhos estão fechados), mas de uma “sensação de visão”. Há quem use o termo “fenômeno” para se referir à fosfena. E, considerando a formação da palavra – do grego phos (luz) + phainos (aparecer) –, poderíamos nos perguntar: se algo aparece à nossa frente, não estamos “vendo” esse algo?

Elucubrações à parte – até porque a fosfena também acontece com os olhos abertos de volta –, essa é uma estimulação mecânica, elétrica ou magnética do sistema visual. Enquanto a estimulação mecânica surge com a pressão física sobre os olhos, a fosfena elétrica se obtém com estímulos elétricos exercidos diretamente no cérebro. Há relatos de manifestação do fenômeno durante práticas meditativas e inclusive estados alterados de consciência, o que contribui para conferir à fosfena um caráter bastante subjetivo. 

Apesar dessa subjetividade, não dá para ignorar o caráter sintomático da fosfena. Isso porque ela também pode indicar problemas dignos de esclarecimento com o médico – em especial o oftalmologista: rotura retiniana, degeneração, descolamento de retina etc. Contudo, a ciência também tem categorizado essa percepção de luz como sintoma de iminência de eclâmpsia – a famosa pressão aumentada específica da gravidez.

De qualquer forma, fica o recado: mais do que uma experiência de criança retida pela memória, a fosfena (ou fosfeno, fosfênio, faça a sua escolha!) é uma condição para a qual vale dar uma mínima atenção. Fale sobre ela com seu oftalmo, sobretudo se ela tem aparecido com frequência! Até porque você já deve ter percebido que não adianta nada fechar os olhos para ela…

Por redação,

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