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Hepatites virais: os mitos que ainda colocam vidas em risco

Apesar dos avanços na prevenção e tratamento, muitas informações incorretas sobre hepatites continuam circulando. Entenda o que é mito e o que é fato quando o assunto é cuidar do fígado

As hepatites virais afetam milhões de pessoas no mundo e podem evoluir silenciosamente até causar danos graves ao fígado e até a necessidade de transplante. O problema é que, junto com o vírus, muitos mitos também se espalham e dificultam a prevenção, o diagnóstico e o tratamento.

“Na área da saúde, infelizmente há muita informação errada que pode persistir por anos. É assim com as hepatites também. Muitas pessoas têm e não sabem. Quando apresentam os primeiros sinais, geralmente o fígado já está comprometido. Por isso, é tão importante esclarecer”, afirma a médica hepatologista Ana Carolina Cardoso, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

A seguir, reunimos os principais mitos que ainda confundem muita gente:

MITO 1: Cirrose só acontece em quem bebe álcool.

Essa é uma das crenças mais antigas e perigosas. A verdade é que a cirrose é o nome médico para o comprometimento crônico e avançado do fígado, independentemente da causa. “Mesmo sem ingerir bebida alcoólica, uma pessoa com hepatite B ou C pode desenvolver cirrose. O vírus agride o fígado silenciosamente ao longo dos anos”, explica a médica.

MITO 2: Hepatite C não tem cura.

Esse mito ficou no passado. Hoje, os tratamentos modernos permitem curar quase 100% dos casos de hepatite C, especialmente quando o diagnóstico é feito precocemente. “O vírus pode ser eliminado completamente. É vida sem vírus, sim. Por isso, quanto antes o diagnóstico for feito, melhor”, afirma Ana Carolina.

MITO 3: Só quem compartilha seringas pode pegar hepatite.

Quem compartilha seringa corre o risco de contrair hepatite B e C, mas essa não é a única forma de transmissão. Também há risco ao usar qualquer utensílio perfurocortante contaminado, mesmo em situações cotidianas, como:

  • uso de alicates ou lâminas não esterilizadas em salões de beleza,
  • materiais compartilhados para fazer unha ou barba,
  • procedimentos como tatuagens ou piercings em locais sem controle adequado.

A recomendação é levar seu próprio kit ou certificar-se de que o material é descartável e esterilizado.

MITO 4: A vacina contra hepatite B precisa ser repetida várias vezes na vida.

Nada disso. A vacina contra a hepatite B é aplicada em três doses e, na maioria dos casos, garante imunidade duradoura. Já a hepatite A exige duas doses.

Testes podem ser feitos para verificar a presença de anticorpos, mas, em geral, não é necessário revacinar adultos saudáveis.

MITO 5: Fazer o teste é só para quem tem sintomas.

Esse é um dos mitos mais perigosos. A maior parte das hepatites virais, especialmente B e C, evolui de forma silenciosa, sem sintomas por muitos anos. Quando os sinais aparecem, o fígado já pode estar bastante comprometido.

“O que assusta não é o diagnóstico, é não saber que você tem. Mas o teste salva vidas, pois permite o diagnóstico precoce e o início rápido do tratamento”, declara a hepatologista.

VERDADE: É possível prevenir hepatites virais. 

A melhor forma de combater as hepatites virais é combinar prevenção, informação e testagem. Algumas medidas fundamentais incluem:

  • Vacinação contra hepatites A e B;
  • Uso de preservativo em todas as relações sexuais;
  • Não compartilhar objetos cortantes ou perfurantes;
  • Cuidados com a higiene pessoal;
  • Higienizar alimentos crus e beber somente água filtrada ou de procedência conhecida;
  • Realizar testes periódicos, mesmo sem sintomas.

Acesse a matéria “Hepatites virais: o inimigo invisível que ataca o fígado em silêncio” e confira os cinco tipos de hepatites, formas de transmissão e cuidados específicos.

Por Letícia Martins,

Olhar da Saúde-Leticia Martins

Letícia Martins

Jornalista com foco em saúde, escritora, fundadora da Momento Saúde Editora e da revista Momento Diabetes.

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