Milhões de brasileiros podem ter uma doença pulmonar grave sem saber!
A chamada doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), embora seja uma das principais causas de morte no mundo, ainda é pouco conhecida entre os brasileiros
A doença pulmonar obstrutiva crônica, conhecida pela sigla DPOC, engloba duas condições principais: a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. Ambas afetam diretamente os pulmões e limitam a passagem de ar, o que dificulta a respiração e compromete a qualidade de vida.
Na bronquite crônica, as vias aéreas ficam constantemente inflamadas, produzindo excesso de muco. Isso gera tosse crônica. Já o enfisema se caracteriza pela destruição dos alvéolos, pequenas estruturas no pulmão responsáveis pela troca de gases entre o ar que respiramos e a corrente sanguínea.
A DPOC é progressiva, ou seja, seus sintomas tendem a piorar com o tempo, especialmente se o paciente não adota mudanças de hábitos que ajudam a controlá-la. Ela é uma das principais causas de morte em todo o mundo.
No Brasil, estima-se que a prevalência seja de cerca de 6 milhões de pessoas, o que representa aproximadamente 12% da população acima de 40 anos. Contudo, esses números podem ser ainda maiores, devido ao alto índice de subdiagnóstico. Muitos indivíduos desconhecem a DPOC e confundem seus sintomas com sinais comuns de envelhecimento ou outros problemas respiratórios, como gripes e resfriados.
Estudos indicam que o percentual de subdiagnóstico no Brasil gira em torno dos 70%. Em outras palavras, mais de dois terços das pessoas com a doença não sabem que a carregam. O cenário é preocupante, pois o diagnóstico precoce é fundamental para reduzir a progressão da DPOC.
Os sintomas desse problema geralmente aparecem de forma lenta e progressiva. Muitas vezes, as pessoas atribuem os sinais iniciais a um cansaço normal ou envelhecimento. Então vamos detalhar esses sintomas:
- Falta de ar: a pessoa com DPOC sente dificuldade para respirar, especialmente durante atividades físicas. Às vezes, essa manifestação aparece após esforços relativamente grandes, como subir grandes ladeiras. Em outras ocasiões, já surge em práticas simples como tomar banho.
- Tosse crônica: ela pode durar vários meses ou até anos e geralmente é acompanhada de produção de muco.
- Chiado no peito e aperto torácico: os pulmões inflamados produzem ruídos ao respirar, e a pessoa sente uma pressão no peito.
- Cansaço: a falta de ar constante reduz a capacidade física, causando fadiga desproporcional.
Esses sintomas são progressivos, ou seja, pioram com o tempo. Em casos avançados, a pessoa sente dificuldade para realizar tarefas simples, como se vestir ou até caminhar pequenos trechos. Ao identificar os sinais e sintomas iniciais, o paciente tem a chance de adotar medidas que ajudam a retardar a progressão da doença, melhorar a função pulmonar e reduzir o risco de complicações.
Para diagnosticar a DPOC, é fundamental realizar exames confirmatórios. A espirometria é o mais utilizado. Esse teste avalia a quantidade de ar que a pessoa consegue inspirar e expirar e a velocidade com que realiza essas ações.
O exame é rápido e indolor: o paciente inspira profundamente e, depois, exala o ar o mais rapidamente possível em um aparelho chamado espirômetro. Se os resultados indicarem um fluxo de ar reduzido, haverá a sugestão da presença de DPOC.
Devido ao enorme número de pessoas com DPOC no Brasil, é necessário que profissionais além dos pneumologistas ajudem na missão de termos mais diagnósticos precoces. Clínicos gerais, geriatras, cardiologistas e outros médicos precisam estar atentos ao quadro.
Em casos leves a moderados de DPOC, a principal causa de óbito são as doenças cardiovasculares, como infarto do coração e derrame cerebral. Porém, em estágios avançados, é a origem respiratória propriamente dita, como insuficiência respiratória ou infecção grave que terminam em óbito.
Por isso o esquema vacinal é tão importante nessa população, assim como o controle de outros fatores de risco, a exemplo de diabetes, pressão alta e colesterol alterado.
A conscientização sobre a DPOC e seus sintomas é essencial para reduzir o subdiagnóstico. Além disso, os profissionais de saúde devem estar atentos aos fatores de risco, como o histórico de tabagismo (a principal causa da DPOC, mas não a única).
Você tem tossido com frequência? Tem tido falta de ar e cansaço crônicos? Converse com seu médico.
29 de outubro de 2024
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