Olhar da Saúde 2025-Thumbs-Conitec lira e semaglutida

Você decide: semaglutida e liraglutida devem entrar no SUS?

Governo abre consulta pública sobre a inclusão desses dois medicamentos, que não saem das manchetes, para o controle da obesidade e do diabetes. Saiba como participar

A semaglutida (Ozempic) e a liraglutida ocupam os noticiários até hoje pelo potencial no controle da obesidade e do diabetes tipo 2. Ainda assim, esses medicamentos seguem restritos a quem possui capacidade financeira para comprá-los, uma vez que não estão disponíveis no sistema público. Mas isso pode mudar graças a duas consultas públicas abertas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec) — e você pode fazer parte dessa decisão histórica.

Consultas públicas são um instrumento utilizado para que diferentes atores da sociedade deem sua opinião e tragam experiências sobre um procedimento a ser potencialmente adotado no SUS. 

No caso da semaglutida, a consulta está aberta de 9 a 30 de junho. Será avaliada a inclusão da semaglutida 2,4 miligramas para pacientes com obesidade (graus II/III, sem diabetes e com histórico cardiovascular), a partir de 45 anos. 

A consulta da liraglutida tem os mesmos prazos, e pretende debater a adoção no SUS da sua formulação de 3 miligramas para pessoas com obesidade e diabetes tipo 2, especialmente aquelas com risco cardiovascular aumentado. A proposta partiu da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), com apoio da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Por que essa atualização é fundamental

Semaglutida e liraglutida são análogos de GLP-1 com efeito comprovado: reduzem o peso, melhoram o controle glicêmico e diminuem complicações sérias como infarto, AVC e falência renal.

A entrada dessas medicações no SUS representaria o começo de uma abordagem estratégica e sustentável para tratar doenças crônicas, indo além de mudanças no estilo de vida e cirurgias.

Segundo a Federação Internacional de Diabetes, o Brasil gastou US$ 42 bilhões em 2024 apenas com complicações da doença. Atualmente, sem acesso a essas tecnologias, a rede pública direciona recursos a tratamento de sequelas crônicas. Otimizar esse gasto com prevenção é uma medida inteligente e economicamente sensata. No mais, a inclusão reduz a desigualdade em saúde.

Como participar das consultas públicas com semaglutida e liraglutida

De novo: o prazo vai até o 30 de junho. Atenção a esse ponto!

Pacientes e familiares: relatem suas experiências com o uso dessas medicações, o estilo de vida e as complicações evitadas. 

Profissionais de saúde e academia: reforcem evidências clínicas e a análise de custo-benefício. 

Sociedade civil e gestores: contribuam com percepções e dados que enriqueçam a discussão.

Esse movimento da Conitec não é apenas papelada — é uma chance real de modernizar o SUS com tecnologias eficazes e atualizadas. Disponibilizar semaglutida e liraglutida no sistema público é iniciar uma política de Estado comprometida com a prevenção e o enfrentamento de duas das principais epidemias modernas: a obesidade e o diabetes tipo 2.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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