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Diabetes ao volante: associação dos Estados Unidos lança diretrizes de segurança nas estradas

A Associação Americana de Diabetes trouxe orientações para motoristas com essa doença. Qual a importância disso?

Algumas das consequências do diabetes – ou do uso inadequado de medicamentos – trazem repercussões múltiplas no dia a dia, inclusive na hora de dirigir. A hipoglicemia, por exemplo, afeta o reflexo e chega a provocar perda de consciência. Já condições como neuropatia e retinopatia impactam a condução, exigindo cuidados específicos.

Segundo o documento da Associação Americana de Diabetes (ADA), nos Estados Unidos, a obtenção e manutenção de uma carteira de motorista para pessoas com diabetes são regulamentadas por cada estado. Algumas localidades exigem declarações médicas específicas, enquanto outras são mais flexíveis. Independentemente das exigências, é necessário avaliar os riscos para que apenas aqueles que apresentam reais limitações sofram restrições de habilitação. No Brasil, não há nada específico sobre o tema. 

A hipoglicemia – queda acentuada da glicose no sangue – é o principal fator de risco entre motoristas com diabetes. Ela costuma ser resultado do uso inadequado de medicações ou de longos períodos de jejum e afeta a cognição e a resposta motora, essenciais para a condução segura. Outras complicações, como neuropatia nos membros inferiores, é capaz de reduzir a sensibilidade nos pedais. Já a retinopatia compromete a visão, o que, em graus avançados, impede o motorista de enxergar diferentes objetos na pista. 

De acordo com pesquisas da ADA, o risco de acidentes entre motoristas com diabetes é levemente superior ao da população em geral, mas isso é principalmente associado aos casos que envolvem episódios graves de hipoglicemia. A pessoa perde a consciência e, com isso, acaba batendo o carro.

Para ajudar as pessoas com diabetes a dirigirem de maneira segura, especialistas sugerem medidas práticas gerais, como:

– Verificar o nível de glicose antes e durante viagens longas.

– Carregar sempre uma fonte de glicose rápida com o motorista (de preferência, açúcar líquido).

– Evitar dirigir em condições de baixa glicemia.

– Não ficar longos intervalos em jejum.

– Realizar paradas periódicas para descanso.

– Ter um cartão de identificação indicando que possui diabetes.

A utilização de dispositivos de monitoramento contínuo de glicose é incentivada. Esses equipamentos alertam o motorista em caso de queda rápida dos níveis de glicose, o que dá tempo a ele de encostar o carro, por exemplo.

A educação em diabetes desempenha um papel vital na preparação dos motoristas para lidar com suas necessidades enquanto estão ao volante. Programas de treinamento em conscientização sobre glicemia ajudam os pacientes a reconhecer sinais de hipoglicemia e a agir de forma preventiva. Estudos mostram que motoristas com treinamento têm uma incidência menor de acidentes relacionados ao diabetes.

Garantir a segurança ao volante requer tanto a conscientização dos motoristas quanto o suporte dos profissionais de saúde. Ao adotar medidas preventivas, monitorar regularmente a glicemia e participar de treinamentos, os motoristas com diabetes podem manter sua segurança e a dos demais na estrada e nas vias públicas. 

Se você tem diabetes e dirige, converse sobre isso com seu médico na próxima consulta. 

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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