Previdência privada ou seguro de vida: qual é melhor pensando na saúde?
O sistema previdenciário do Brasil possui tremendos desafios relacionados à sua sustentabilidade, e parte disso é explicada pelo envelhecimento da população. Depender do INSS não parece a melhor opção.
Diante disso, quando se trata de planejar financeiramente para o futuro, muitas pessoas se deparam com uma dúvida comum: investir em um seguro de saúde ou em um plano de previdência? Ambas as opções oferecem benefícios significativos, mas a verdade é que atendem a necessidades diferentes – ambas ligadas ao nosso bem-estar e ao de quem amamos.
Seguro de vida
Ele é uma proteção financeira para você e sua família em caso de eventos inesperados, como acidentes, doenças ou morte. Ao pagar uma apólice, você garante que, na ocorrência de um evento coberto pelo seguro, você ou seus beneficiários receberão uma compensação financeira.
Em outras palavras, você paga para ter acesso a um recurso financeiro que não teria de outra forma.
Além da indenização de morte, que é a mais comum, outros casos, como invalidez, assistência-funeral, diárias por internação hospitalar e doenças graves, podem ser incluídas.
Previdência privada
Esse, por outro lado, é um veículo de investimento de longo prazo, com o objetivo de garantir uma renda na aposentadoria. Portanto, você não paga para ter acesso a uma proteção – ela é uma aplicação que acumula valor ao longo do tempo.
Atualmente, existem dois planos disponíveis: o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Há também dois regimes de tributação: progressivo ou regressivo.
Comparação
Os dois instrumentos possuem semelhanças importantes. Ambos, por exemplo, facilitam a transmissão de recursos aos herdeiros após a morte do contratante, sem a necessidade de passar por inventário.
Porém, ainda que existam diferentes tipos de seguro, em todos eles há um custo. E seu principal objetivo é a proteção financeira do segurado e de seus familiares.
Já a previdência privada possui benefícios sucessórios, como foi citado, mas também pode servir – e com muita eficiência – para acumular recursos financeiros.
Na aposentadoria, o investidor pode optar por resgatar valores parciais periódicos e, assim, manter o montante no seu nome e depois transferi-lo para os herdeiros.
Ou seja, você é dono dos recursos e responsável pelo planejamento financeiro. Outra opção é escolher pela modalidade de renda, na qual suas reservas são transferidas para a seguradora, e ela assume a obrigação financeira de disponibilizar uma renda mensal.
Para decidir contratar um plano de renda, é necessário avaliar a reserva acumulada, idade, disciplina no planejamento financeiro, expectativa de vida e principalmente a tábua atuarial do plano – ferramenta usada para medir a expectativa de vida do investidor que tem um plano de previdência privada.
Conclusão
Com tantos detalhes importantes nesses dois instrumentos, é claro que não existe uma resposta única, e cada pessoa merece uma análise individual. No entanto, algumas sugestões podem ser aplicadas a todos.
Na média e no longo prazo, a previdência privada é a melhor alternativa, pois os juros compostos trabalham a seu favor. Mas como já dizia minha mãe: você não é todo mundo. Até que o longo prazo aconteça, imprevistos podem surgir, e muitos deles são irreparáveis.
Portanto, recomendo considerar o seguro como o pagamento de uma proteção até que o patrimônio acumulado seja o suficiente para lhe trazer segurança e conforto.
Considerando a situação dos brasileiros, geralmente há uma necessidade mais imediata e crítica por seguros. Isso, contudo, não significa que não seja essencial que cada um adote uma estratégia de poupança consistente, podendo, para esse fim, recorrer a um plano de previdência privada.
, 16 de março de 2024
Renan Zanella
Sócio-diretor de consultoria da Zanella Wealth e administrador pela USP..