Quando o balão intragástrico ajuda no controle do peso?
Essa tecnologia não é nova, mas vem ganhando espaço no combate à obesidade. Veja as indicações, os benefícios e os cuidados necessários
O balão intragástrico foi criado na década de 1980. Ele é um dispositivo colocado dentro do estômago e, então, preenchido com líquidos ou mesmo ar – o que reduz o espaço para a comida. Desde sua criação, ele passou por modificações e aprimoramentos, e agora vem sendo amplamente comercializado nos centros médicos especializados em tratamento de obesidade .
Atualmente, existem diversos tipos de balões disponíveis. Há até os que dispensam uma endoscopia para sua colocação – eles são “engolidos”, assim por dizer.
E o mecanismo da perda de peso não se resume à diminuição do volume do estômago. Há também efeitos psicológicos e alterações hormonais que promovem a saciedade precoce e a redução da ingestão de alimentos.
Um dos hormônios afetados é a grelina (também conhecida como o “hormônio da fome”). Após a instalação do balão gástrico, a concentração dessa substância cai, o que reduz aquele apetite voraz.
Outro efeito hormonal é o aumento da colecistoquinina, que retarda o esvaziamento do estômago, e com isso, aumenta a saciedade.
A perda de peso com esse tratamento pode alcançar níveis em torno de 15 a 20% do peso do paciente, o que é bastante considerável. Isso, claro, se aliado ao tratamento multidisciplinar, que sempre deve integrar cada caso.
Atualmente, as principais indicações para uso são:
- IMC acima de 27 kg/m2 (o que é considerado como um sobrepeso estabelecido)
- IMC acima 50 kg/m2 (um grau muito elevado de obesidade), como um método preparatório para a cirurgia bariátrica
- Indicações para melhora da fertilidade em pacientes com obesidade, redução da esteatose hepática grave e diminuição do risco operatório de alguns pacientes
Mas nem tudo são flores. A intolerância ao balão pode ocorrer, principalmente por eventuais desconfortos abdominais, náuseas, vômitos e refluxo. Essas, aliás, são as causas mais frequentes de retirada do balão intragástrico antes do tempo estimado, que geralmente é de 12 meses.
E há também contraindicações, como:
- Presença de hérnia hiatal com mais de cinco centímetros
- Gravidez
- Doença inflamatória intestinal
- Alergia ao produto
- Cirurgia gástrica ou esofágica prévia
- Úlceras gástricas ou duodenais
- Varizes esofágicas ou gástricas em pessoas com cirrose
- Sangramentos ou coagulopatias
- Doenças psiquiátricas descontroladas
- Câncer de esôfago ou estômago
No mais, algumas complicações podem ocorrer e são importantes. Ruptura do balão, obstrução gástrica ou intestinal, perfurações gastrointestinais, hemorragias e infecções fúngicas estão entre elas. Claro que isso não acontece na maioria das vezes, mas questões como essas reforçam a necessidade de sempre buscar uma equipe especializada e multiprofissional na hora de refletir sobre estratégias de emagrecimento.
Converse com seu médico.
28 de junho de 2024
,Marcelo de Oliveira Rodrigues da Cunha
Especialista em Cirurgia Geral, Cirurgia do Trauma e Cirurgia do Aparelho Digestivo, membro da SBCBM e do CBCD, cirurgião robótico pela Intuitive e especialista em Transplante de Fígado e Órgãos do Aparelho Digestivo pelo HC-FMUSP.