Viroses na praia: como escapar desta fria no verão
Período de férias e viagens, principalmente durante a alta temporada do verão, merece um alerta para se proteger de infecções gastrintestinais
“Pé na areia, água de coco, a caipirinha” é o verso que muitos brasileiros amam cantarolar e vivenciar no início do ano, quando as altas temperaturas e o período de férias nos convidam para passar alguns dias perto do mar. Porém, antes de preparar a mala e pegar a estrada, é necessário verificar as condições do destino, tendo em vista que, no verão, são comuns os relatos de viroses, sobretudo nas cidades do litoral, como ocorreu recentemente no Guarujá, em São Paulo.
Para evitar contrair viroses, alguns cuidados são importantes, entre eles entender o que é e o que causa esse problema de saúde. “Virose é um termo genérico para uma infecção causada por vírus. Porém, muitas vezes esse nome é usado quando não se sabe qual é a causa dos sintomas. No caso do Guarujá, o vírus mais suspeito confirmado pelas autoridades é o norovírus, que é bastante frequente e comum especialmente nesse período do ano”, explica o médico infectologista Renato Grinbaum, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Segundo ele, o norovírus tem a tendência de ser epidêmico – assim como foi neste ano no litoral paulista, mas que, o termo correto, nesses casos, é “infecção gastrintestinal”.
Contaminação e sintomas
O norovírus é transmitido por meio da via “fecal-oral”, que ocorre quando uma pessoa ingere água ou alimentos contaminados com o vírus, comumente veiculados por esgoto. É importante destacar que a transmissão do norovírus não deve ser confundida com “intoxicação alimentar”; a diferença reside no fato de que os alimentos e a água podem apenas ser veículos de transmissão do vírus.
De acordo com o infectologista Grinbaum, a infecção por norovírus pode apresentar uma variedade de sintomas, incluindo febre, dor abdominal, diarreia e, em alguns casos, náuseas e vômitos. Para infecções leves, ele recomenda a ingestão de líquidos, especialmente aqueles que contêm sal. Isso pode incluir soluções salinas, soro caseiro ou preparações prontas disponíveis em farmácias que promovem a reposição de eletrólitos.
A infecção gastrintestinal dura entre três e cinco dias, mas algumas pessoas podem sofrer até duas semanas com os sintomas, em situações menos comuns. “Se os sintomas estiverem muito intensos e durarem mais do que duas semanas, ou se forem acompanhados de desmaio, queda de pressão ou presença de sangue nas fezes, é preciso procurar o hospital”, avisa o infectologista.
Como evitar a contaminação
Para aqueles que já desceram a serra ou planejam viajar para o litoral, o médico da SBI orienta verificar quais praias estão com alerta de “imprópria para banho” e ficar longe delas, pois significa que tanto a água quanto a areia estão contaminadas por esgoto, o que pode representar sérios riscos à saúde.
A higiene pessoal é uma prioridade que deve ser mantida, mesmo durante viagens. É essencial lavar as mãos adequadamente após usar o banheiro e antes de se alimentar. Além disso, evite beber água ou qualquer outro líquido, assim como consumir alimentos cuja procedência não seja clara. O médico Renato Grinbaum explica que, para prevenir contaminações, é recomendável beber apenas água tratada pela companhia local de abastecimento. “Ferver água pode não resolver o problema se a origem dela não for confiável”, alerta.
Cuidados com o preparo e consumo de alimentos
Quando estiver longe de casa, o cuidado com a preparação e o consumo de alimentos deve ser ainda mais rigoroso. “Frutas, verduras e legumes devem ser bem lavados e, preferencialmente, deixados de molho em produtos específicos que garantem a limpeza das cascas e folhas sem afetar o trato intestinal”, destaca o infectologista.
Em relação às bebidas e sobremesas, opte por produtos industrializados, como refrigerantes, sucos de caixinha e sorvetes de marcas reconhecidas. Esses produtos, que possuem o selo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou de outras entidades oficiais, são considerados seguros e geralmente têm baixa chance de contaminação.
Durante as refeições, escolha restaurantes de boa reputação em vez de aperitivos oferecidos na areia da praia. Evite também frutos do mar, como camarões e ostras, pois eles podem representar um risco maior à saúde.
O médico Grinbaum ainda ressalta que, durante as férias, se ocorrerem chuvas intensas e houver risco de transbordamento ou enchentes, é prudente evitar a praia, pois essas situações podem causar a contaminação da água com esgoto, aumentando o risco de diversas infecções.
Outra dica valiosa é se informar pelos canais oficiais das empresas que monitoram a qualidade da água e realizam o tratamento do esgoto na região visitada, precavendo-se de surpresas desagradáveis. Com esses cuidados, você aumenta a sua segurança e a da sua família e pode escutar o som prazeroso das ondas do mar sem preocupação.
29 de janeiro de 2025
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