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As dores da menopausa

Além de cansaço e fogachos, essa fase da vida pode agravar incômodos e até favorecer lesões. Saiba como se proteger

A menopausa é um processo natural, mas ainda assim traz mudanças desafiadoras. Além das ondas de calor e de distúrbios do sono, muitas mulheres se queixam de dores articulares (ou piora delas), rigidez matinal, cansaço persistente e sensação de “corpo travado”. Mas isso tem mesmo a ver com as mudanças hormonais típicas dessa fase?

A resposta é sim. O climatério — a fase da transição que culmina na menopausa — traz alterações que impactam diretamente o sistema musculoesquelético, ou seja, músculos, articulações e ossos. Estudos mostram que cerca de 50% das mulheres na pós-menopausa apresentam dores articulares. E, para 21% delas, é a principal queixa relacionada a essa nova fase da vida. Os sintomas podem afetar joelhos, ombros, mãos e coluna, por exemplo. 

O quadro pode vir acompanhado de outras manifestações da menopausa, como fadiga, secura ocular e vaginal e distúrbios do sono. Como esses sintomas são comuns a algumas doenças reumatológicas, o diagnóstico diferencial fica dificultado.

Mas o que acontece no corpo para que as dores piorem? O estrogênio, principal hormônio feminino, atua em diversos tecidos, inclusive no aparelho locomotor. Existem receptores de estrogênio na cartilagem das articulações, nos ossos, nos ligamentos e na membrana sinovial. 

Além disso, esse hormônio age no cérebro, contribuindo para a redução da dor. Ou seja, a queda hormonal que ocorre na menopausa pode aumentar a sensibilidade à dor e facilitar processos inflamatórios nas articulações. 

Como se não bastasse, o estrogênio tem um papel anti-inflamatório e protetor da massa óssea. Com sua diminuição, a perda óssea se intensifica, o que favorece a osteoporose e aumenta o risco de fraturas, especialmente em coluna, quadril e punhos.

Para minimizar todos esses efeitos, os especialistas costumam indicar uma série de medidas, como: 

  • Atividade física regular: exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular ajudam a preservar a massa óssea e a mobilidade articular.
  • Alimentação balanceada: cálcio, vitamina D e fontes de proteínas são particularmente importantes.
  • Reposição hormonal: quando possível e bem indicada por um especialista, pode trazer alívio significativo dos sintomas. 
  • Acompanhamento reumatológico: em casos de dores persistentes ou suspeita de doenças autoimunes, o olhar de um reumatologista é necessário.
  • Cuidados com sono e saúde mental: a dor e a fadiga são agravadas por noites maldormidas e estados de ansiedade, tão comuns nessa fase da vida.

A menopausa traz desafios para a saúde articular e óssea. Mas é possível encará-la como um convite para valorizar a saúde, escutar os sinais do corpo e buscar ajuda especializada quando necessário. Cuidar das articulações e dos ossos é preservar a liberdade de movimento e a qualidade de vida.

Por Daniela Moraes,

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Daniela Moraes

Médica reumatologista pelo HC-FMRP-USP. Graduação, mestrado e doutorado pela FMRP-USP.

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