Olhar da Saúde-Thumbs-Exercício em pacientes cirurgia bariátrica

A importância do exercício em pacientes que fizeram cirurgia bariátrica

Esse procedimento não dispensa hábitos saudáveis. Pelo contrário, é especialmente importante se manter ativo após ele

Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o Brasil realizou cerca de 300 mil cirurgias bariátricas entre 2017 e 2022 – é o segundo país que mais faz esse tipo de procedimento. Mas muitas pessoas pensam que basta fazer a cirurgia e pronto: a obesidade vai embora e não há mais necessidade de cuidados. Pelo contrário! Adotar um estilo de vida saudável é fundamental, e os exercícios têm um papel importante nesse contexto.

Vamos começar pelos benefícios de uma cirurgia bariátrica bem indicada. A literatura médica tem associado essa técnica a uma redução no risco de morte em longo prazo e maior expectativa de vida. Uma revisão sistemática com cerca de 170 mil pessoas – e publicada em uma das revistas mais importantes no meio acadêmico, a The Lancet – concluiu que, entre os adultos com obesidade, o procedimento está ligado a taxas de mortalidade por todas as causas substancialmente mais baixas e a uma expectativa de vida mais longa, em comparação com o controle usual da obesidade. 

Os benefícios de sobrevivência são mais pronunciados em pessoas com diabetes preexistente do que naquelas sem diabetes. Aliás, como a cirurgia bariátrica não mexe apenas com o peso – há indícios de que ela altera questões hormonais e inflamatórias –, hoje ela é chamada também de cirurgia metabólica, ou bariátrica-metabólica.

No entanto, essa cirurgia também tem desvantagens em comparação com outras intervenções para a perda de peso. O reganho de peso é uma das complicações mais observadas (o que não é exclusividade desse tratamento). 

Também já foram observados prejuízos à saúde óssea e, em particular, um maior risco de fratura. A cirurgia bariátrica também pode levar a restrição ou má absorção de fontes de energia e proteína, principalmente no primeiro ano de pós-operatório. Isso culmina na perda de massa muscular.

Como há risco de, com o tempo, a pessoa voltar a ganhar gordura, os indivíduos submetidos ao procedimento são considerados de alto risco para o desenvolvimento da chamada obesidade sarcopênica, que é um excesso de massa gorda associado a uma baixa massa muscular, com condição física deficiente. Especialmente à medida que os pacientes envelhecem, esse quadro se torna perigoso.

E os exercícios físicos?

Antes da realização da cirurgia bariátrica, os pacientes são, em média, menos ativos em comparação com indivíduos de peso normal. Menos de 5% dos candidatos ao procedimento atendem as diretrizes de atividade física do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM), que inclui aqueles 150 minutos de exercício aeróbico moderado por semana. 

Acontece que um número crescente – embora limitado – de publicações mostra que o exercício pode preservar, ou até potencializar, os benefícios cardiometabólicos da cirurgia bariátrica.

Em relação às alterações fisiológicas, enquanto o exercício aeróbico aprimora as adaptações cardiovasculares, o de resistência aumenta a força. Em outras palavras, essas práticas ajudam a alcançar ou manter o peso ideal e a diminuir o risco de complicações de cirurgias. Isso sem contar que apresentam vários benefícios à saúde.

Agora, qual tipo de exercício físico deve ser recomendado aos pacientes bariátricos e quando (no pré-operatório, no pós- ou em ambos)? 

Em primeiro lugar, é importante pensar que essas pessoas têm tolerância limitada ao exercício e, por isso, precisam de intervenções individualizadas no condicionamento físico.

Em geral, os programas de exercícios que combinam atividades aeróbicas e de resistência melhoram efetivamente os parâmetros clínicos, inclusive a função cardíaca, a força muscular e a funcionalidade. Apesar disso, os exercícios de resistência têm sido considerados uma alternativa mais viável para indivíduos nessas condições, pois não requerem um condicionamento cardiorrespiratório prévio e são mais adequados para restrições ortopédicas. 

Pessoas que passaram por uma cirurgia do tipo devem conversar sobre esse assunto com profissionais de saúde para assegurar que os benefícios do tratamento pelo qual passaram sejam maximizados!

Por Marcos Fortes,

Olhar da Saúde-Marcos de Sá
Marcos Fortes

Educador físico, doutor em Clínica Médica e pós-doutor em Psicologia pela UFRJ e pesquisador do IPCFEx do Exército Brasileiro.

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