Batatas-fritas sob suspeita de favorecer o diabetes tipo 2
Novo estudo associa essa forma de preparo a um maior risco de apresentar essa doença. Mas não se trata de demonizar esse alimento!
Poucos alimentos são tão versáteis quanto a batata. Presente em refeições do mundo todo, ela pode ser consumida crua, assada, cozida, amassada… ou frita. Eis que um estudo robusto publicado na revista científica British Medical Journal traz evidências preocupantes sobre a relação entre o consumo de batatas — e, em especial, as fritas — e o risco de diabetes tipo 2.
O trabalho, conduzido por pesquisadores americanos e ingleses, é prospectivo. Ou seja, acompanhou, a partir de três grandes bases de dados, 205.107 participantes ao longo de quase quatro décadas.
Durante esse período, mais de 22 mil novos casos de diabetes tipo 2 foram documentados. Os resultados mostram que:
- O consumo total de batatas esteve associado a um aumento modesto no risco de diabetes. A cada três porções semanais adicionais, o risco cresceu 5%.
- Porém, um impacto expressivo foi observado com a ingestão de batatas-fritas especificamente. Para cada três porções semanais extras, a probabilidade de desenvolver diabetes subia 20% (quatro vezes mais do que o risco do consumo geral de batatas, portanto).
- Já batatas assadas, cozidas ou amassadas não foram associadas com maior risco de diabetes.
Quando os pesquisadores analisaram substituições alimentares, os achados foram ainda mais reveladores: trocar três porções semanais de batatas por grãos integrais reduz o risco de diabetes em até 8%. No caso das batatas-fritas, essa alteração derrubou o risco em quase 20%.
Aliás, substituir batatas por arroz branco esteve associado a um aumento no risco de diabetes.
Embora seja um vegetal, a batata carrega bastante amido, o que confere um alto índice glicêmico. Isso, por sua vez, pode impactar a glicemia e, no longo prazo, favorecer a resistência insulínica.
Esse efeito, segundo os autores, varia conforme o método de preparo. Enquanto a batata cozida ou assada preserva nutrientes como vitamina C, potássio e fibras, a versão frita concentra gorduras prejudiciais, perde parte dos micronutrientes e está frequentemente associada a padrões alimentares menos saudáveis.
Os resultados sugerem que não se trata de “proibir ou não a batata”, mas, sim, de priorizar certas formas de preparo. A mensagem central do estudo é clara: batatas cozidas, assadas ou amassadas podem fazer parte de uma dieta equilibrada, porém o consumo regular de batatas-fritas deve ser limitado.
E, sempre que possível, inclua grãos integrais na dieta para reduzir o risco de diabetes tipo 2. A chave está na moderação, não na demonização.
, 19 de agosto de 2025

