Olhar da Saúde-Thumbs-Diabetes e a catástrofe no Sul do Brasil

Diabetes e a catástrofe no Sul do Brasil: como sobreviver sem insulina?

Imagine que você precisa de um medicamento para estar vivo – e que ele deve ser armazenado na geladeira. Como então se manter saudável em uma catástrofe sem precedentes, como a do Rio Grande do Sul?

Estamos vendo cenas alarmantes em telejornais, internet, redes sociais e grupos de WhatsApp sobre as enchentes maciças no Rio Grande do Sul. Ao assistir a essa tragédia, confesso que fico especialmente preocupado com as pessoas que têm diabetes e vivem nessa região – sendo que alguns precisam de insulina diariamente para sobreviver. 

 Pense comigo: da noite para o dia, um dilúvio inunda tudo, fazendo as pessoas perderem seus entes queridos, suas casas, suas camas e suas geladeiras. E, dentro das geladeiras, seus alimentos e… as insulinas. 

Sempre digo que uma pessoa com diabetes tem o mesmo rosto de outra sem essa doença. Mas, por dentro, o corpo dela não produz insulina suficiente para sobreviver – então, é fundamental que se criem formas de acessar essas medicações em situações como a atual.

Quando vejo que um cavalo em cima do teto de uma casa virou capa de jornal, penso que o diabetes sai perdendo nessa. Ora, ele não rende uma boa foto, nem está estampado na testa de ninguém, embora cause muito sofrimento, especialmente durante tragédias dessas proporções. 

Vamos pensar além da insulina. Diante de enchentes dessa magnitude, como fazer a pessoa com diabetes se alimentar corretamente? Se ela ficar longos períodos em jejum, pode ter uma hipoglicemia – ou seja, níveis de açúcar no sangue baixos demais. E essa condição favorece convulsões, coma e até mesmo a morte.

O que dizer, também, das boas horas de sono, da atividade física regular e da medição frequente da glicose? Poderíamos falar ainda dos medicamentos orais – além da insulina –, que são fundamentais para milhões de brasileiros e que dependem de bom armazenamento e acesso. Em um caos desses, o indivíduo com diabetes fica especialmente desamparado.

 A boa notícia é que uma corrente do bem tem se alastrado e feito grandes mobilizações para a chegada de insumos para aqueles com diabetes. E mais: oferecendo atendimento médico gratuito emergencial àqueles que necessitam. 

Essa intempérie mostrou ao mundo o quanto somos vulneráveis, especialmente aqueles com doenças crônicas. Mas vimos também nossa capacidade de resiliência e de mobilização para ajudar os outros. Que esse pesadelo passe logo. 

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

Olhar da Saúde-Molduras-Carlos Eduardo Barra Couri
Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

Rolar para cima