Ozempic e Mounjaro manipulados: conheça os riscos
Associação Americana de Diabetes se posiciona quanto à manipulação dos medicamentos Ozempic e Mounjaro, muito usados para controle do diabetes e da obesidade. O que saber
A demanda por medicamentos como Ozempic (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida) contra o diabetes tipo 2 e a obesidade foi tão grande que chegou a gerar a escassez de produtos, entre outros desafios. Diante disso, surgiram versões manipuladas dessas medicações, o que disparou controvérsias.
Embora os medicamentos manipulados sejam uma alternativa em situações de escassez, a Associação Americana de Diabetes (ADA, na sigla em inglês) emitiu um alerta. As versões manipuladas não passam pelos rigorosos testes de segurança, qualidade e eficácia exigidos para os medicamentos convencionais que estão aprovados.
Além disso, as farmácias de manipulação às vezes oferecem versões personalizadas, com outras doses e substâncias adicionais, mesmo sem a aprovação do FDA (uma espécie de Anvisa norte-americana). E tudo isso, claro, pode terminar em problemas para os pacientes.
Destaco, agora, algumas preocupações principais com os medicamentos manipulados:
- Incerteza na composição: esses produtos podem não apresentar os mesmos ingredientes ativos (ou a mesma concentração) que os produtos originais aprovados. Há relatos de adição de substâncias como vitaminas, que podem alterar a eficácia e a segurança do tratamento.
- Erros de dosagem: o FDA recebeu notificações de erros graves associados a produtos manipulados, como dosagens até 20 vezes superiores ao recomendado. Isso ocorreu devido à falta de instruções claras e embalagens inadequadas, como frascos multidose em vez de canetas pré-cheias padronizadas.
- Riscos de produtos falsificados: com a popularidade do Ozempic e de outros da mesma linha, também houve um aumento no mercado de produtos falsificados, principalmente em farmácias online não regulamentadas. Esses produtos podem conter contaminantes ou concentrações inadequadas do princípio ativo.
O que fazer em caso de escassez?
A Associação Americana de Diabetes, em uma publicação feita na revista científica Diabetes Care, de dezembro de 2024, recomenda que os pacientes consultem seu médico para buscar alternativas seguras, em caso de falta. Isso pode incluir:
- Troca para outro medicamento aprovado, dentro da mesma classe terapêutica.
- Uso temporário de tratamentos de outra categoria, até que o fornecimento seja normalizado.
Se a opção for por medicamentos manipulados, é essencial tomar precauções. Além de uma conversa franca com o médico sobre esses itens, vale ficar de olho na procedência, especialmente se a compra for online. Preços muito baixos ou a autorização de vendas sem qualquer prescrição são sinais suspeitos.
Vale destacar que no Brasil não foram autorizadas versões manipuladas de Ozempic e Mounjaro, apesar de desabastecimentos terem ocorrido com a primeira medicação. Mas já foram encontrados até contrabandos e falsificações grosseiras desses medicamentos por aqui.
O Mounjaro, apesar de aprovado em nosso país, somente será lançado no Brasil quando a capacidade de abastecimento for garantida, conforme afirma, em nota, a farmacêutica Lilly do Brasil.
Temos notícia de que algumas pessoas estão importando medicamentos manipulados dos Estados Unidos para o Brasil (legal e ilegalmente), e aqui fica uma mensagem clara: busque sempre orientação médica e desconfie de soluções fáceis para problemas complexos de saúde.
16 de janeiro de 2025
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