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Pressão alta: novas diretrizes apontam para metas mais rígidas entre pessoas com diabetes

Manual de duas entidades norte-americanas pede um controle firme da hipertensão. Confira as novidades

Acabaram de ser publicadas as novas diretrizes do Colégio Americano de Cardiologia e da Associação Americana para o Coração para diagnóstico, tratamento e prevenção de hipertensão em adultos. E o guia trouxe atualizações cruciais no manejo da pressão arterial, especialmente para pessoas com diabetes. O recado é claro: para proteger a saúde cardiovascular, é necessário buscar metas mais rígidas. 

Para a população em geral, a classificação fica assim:

  • Pressão normal: sistólica abaixo de 120 mm/Hg e diastólica, menos de 80 mm/Hg. É o famoso 12 por 8.
  • Elevada: sistólica maior ou igual a 120 até 129 mm/Hg. Diastólica, menor que 80 mm/Hg. 
  • Hipertensão estágio 1: sistólica entre 130 e 139 mm/Hg, ou diastólica entre 80 e 89 mm/Hg.
  • Hipertensão estágio 2: sistólica igual ou maior que 140 mm/Hg, ou diastólica igual ou maior que 90 mm/Hg.

A principal mudança é que o tratamento medicamentoso para adultos com diabetes tipo 2 e hipertensão deve ser iniciado quando a pressão arterial sistólica (o primeiro número da medida) for igual ou maior que 130 mm/Hg, ou quando a diastólica (o segundo número) for igual ou maior que 80 mm/Hg. Antes, o limite ficava em 140 por 90 para a maioria das pessoas.

A ideia é que, com o tratamento, a pressão arterial fique abaixo de 130 por 80 (ou 13 por 8). Além disso, há um encorajamento para atingir uma pressão sistólica ainda menor, na faixa dos 120.

Por que essa mudança? 

Estudos clínicos recentes confirmaram que um controle intensivo da pressão arterial está associado a um menor risco de eventos cardiovasculares (como infarto ou derrame cerebral) em pacientes com diabetes tipo 2. Cabe destacar que a hipertensão e o diabetes juntos mais do que dobram a probabilidade desse tipo de encrenca.

O que saber sobre a escolha dos medicamentos

As diretrizes reforçam que qualquer uma das classes de remédios anti-hipertensivos — inibidores da enzima conversora de angiotensina, bloqueadores do receptor da angiotensina, bloqueadores dos canais de cálcio e diuréticos — são úteis em pacientes com diabetes. Mas há considerações especiais:

  • Proteção renal: os inibidores da enzima conversora de angiotensina e os bloqueadores do receptor da angiotensina são particularmente eficazes na redução da excreção de albumina na urina. Por isso, são recomendados quando há uma doença renal crônica identificada. 
  • Benefícios adicionais de novas terapias: embora não tenham sido pensados inicialmente para pressão arterial, novas classes de medicamentos para diabetes, como os inibidores do SGLT2 (dapagliflozina e empagliflozina, por exemplo) e os agonistas do receptor de GLP-1 (liraglutida e semaglutida), podem ter efeitos benéficos na pressão arterial. Discuta com seu médico se essas opções são apropriadas para você.

A lógica das diretrizes também sugere que, como pacientes com diabetes e hipertensão são frequentemente de alto risco, poderiam se beneficiar de terapias combinadas em um mesmo medicamento. Isso pensando na adesão ao tratamento, por exemplo.

A calculadora PREVENT

Essa é uma ferramenta desenvolvida e, agora, aprimorada pela Associação Americana do Coração para ajudar os médicos a estimar o risco de doenças cardiovasculares em dez anos para adultos. Ela leva em conta diversos fatores, como o uso de estatinas e a função renal.

Esse recurso permite uma abordagem personalizada. Ao entender o risco do paciente, ele consegue tomar decisões mais informadas sobre quando iniciar ou intensificar o tratamento, assim como estabelecer metas de pressão direcionadas às suas particularidades.

O poder do estilo de vida

As diretrizes continuam a enfatizar fortemente as mudanças de hábito como a base da prevenção e do tratamento da pressão alta, independentemente do uso de medicamentos. Para quem tem diabetes e hipertensão, isso é ainda mais importante.

  • Peso saudável: ficar dentro do adequado para você, ou alcançar uma redução de pelo menos 5% do peso corporal, é recomendado para prevenir ou tratar a pressão alta.
  • Alimentação saudável: busque a moderação. As diretrizes sugerem valorizar a dieta DASH, que é rica em frutas, vegetais, grãos integrais e laticínios com baixo teor de gordura.
  • Redução de sódio e aumento de potássio: dentro da alimentação, controlar a ingestão do primeiro mineral (presente no sal) e priorizar o segundo (que está, por exemplo, na banana) é especialmente benéfico para a pressão.
  • Atividade física regular: busque fazer ao menos 150 minutos de exercício aeróbico por semana, além de duas sessões de práticas de força, como a musculação.
  • Gestão de estresse e álcool: ambas as medidas evitam picos de pressão e danos aos órgãos. 

Se você tem diabetes tipo 2 e hipertensão, é mais importante do que nunca discutir suas metas de pressão arterial com o médico. Pequenos ajustes podem garantir uma vida longa e com qualidade de vida.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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