Qual deveria ser a meta de pressão para quem tem diabetes?
Estudo apresentado no Congresso Americano de Cardiologia aponta que valores de sistólica próximos de 120 protegem mais o coração. Mas há ressalvas
A hipertensão é comum em pessoas com diabetes – e ambas aumentam o risco de a pessoa ter problemas como infarto, insuficiência cardíaca e derrame. Daí porque a ciência avalia se, diante do diabetes, as metas de pressão deveriam ser especialmente rígidas.
Um estudo conduzido por pesquisadores da China e patrocinado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia daquele país mirou esse assunto, buscando responder qual seria o alvo de pressão sistólica (o número mais alto medido durante a consulta) mais capaz de prevenir complicações cardíacas entre indivíduos com diabetes. Seriam 120 milímetros de mercúrio (ou 12, como se fala popularmente) ou 140?
Note-se que esse estudo não avaliou qualquer medicamento em particular. O objetivo foi simplesmente comparar o efeito de estabelecer essas duas diferentes metas na pressão.
Foram incluídas mais de 12 mil pessoas com idade média de 63 anos – e diagnóstico de diabetes e pressão alta há cerca de 12 anos. A maioria tinha sofrido algum problema cardiovascular prévio.
Agora veja que interessante. O grupo com a meta de alcançar uma pressão abaixo de 120 conseguiu atingir valores em torno de 121,6. Já o grupo que mirou nos 140 apresentou números na faixa de 133. Isso significa que a diferença entre os grupos não foi tão grande, como os pesquisadores imaginaram.
Essa diferença, entretanto, traria impactos cardiovasculares? Segundo o trabalho, sim. Ao final de um seguimento médio de 4,2 anos, aqueles com a pressão sistólica mais próxima do 120 tiveram 21% menos desfechos negativos (compostos por derrame não fatal, infarto não fatal, insuficiência cardíaca e morte de causa cardiovascular).
Um ponto merece destaque. Pessoas do grupo com metas mais baixas de pressão tiveram também mais episódios de hipotensão e de potássio elevado.
O que esse estudo reforça é que a meta de pressão de cada paciente deve ser individualizada após uma boa conversa com o médico. Pacientes mais frágeis, mais velhos e com menor expectativa de vida talvez não devam ter sua pressão em níveis muito baixos. Já os mais jovens e sem grandes comorbidades teriam mais vantagens e menos riscos ao mirar na meta de 120.
No final, vale a máxima: a melhor pressão é a menor possível para cada pessoa, sem trazer efeitos adversos. E vale outra máxima aqui: cada caso é um caso.
19 de novembro de 2024
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