Olhar da Saúde-Thumbs-Tirzepatida

Tirzepatida, medicamento famoso pela redução do peso corporal, mostra benefícios contra a insuficiência cardíaca

Estudo apresentado no Congresso da Associação Americana de Cardiologia traz excelentes resultados para um tipo grave de problema cardíaco, comum em pessoas com obesidade

A obesidade, inclusive por suas taxas crescentes, preocupa os médicos que lidam com o coração. O excesso de gordura aumenta o risco de diabetes tipo 2, pressão alta, colesterol e triglicérides alterados, apneia do sono etc. Todas essas condições, especialmente quando andam juntas, elevam o risco de eventos cardiovasculares. E atenção: a própria obesidade favorece problemas no coração, independentemente das outras doenças. 

Diante disso, tratamentos que controlam tanto a obesidade quanto o risco cardíaco são observados com atenção redobrada pelos especialistas. É justamente por aí que o estudo SUMMIT caminha.

Essa pesquisa avaliou o efeito da tirzepatida (cujo nome comercial é Mounjaro) em pessoas com obesidade e com um tipo de insuficiência cardíaca chamada de fração de ejeção preservada. Nela, o coração apresenta dificuldades de relaxar para receber o sangue – e, posteriormente, bombeá-lo ao organismo.

Esse tipo de insuficiência cardíaca está associado, entre outras coisas, ao acúmulo de gordura no coração. Trata-se de uma doença grave, com elevada taxa de mortalidade em curto prazo e que reduz muito a qualidade de vida.

 Foram incluídos 731 participantes com, em média, idade de 65 anos e IMC de 38 kg/m2 (o que é considerado obesidade grau 2). Todos apresentavam insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada. Cerca de 50% tinham diabetes tipo 2.

Ao final de cerca de dois anos, o grupo que utilizou tirzepatida exibiu uma redução de 38% na chance de morte por todas as causas ou piora da insuficiência cardíaca. A medicação também foi ligada a uma melhor tolerabilidade aos esforços físicos e melhor qualidade de vida, estimada por um questionário específico para pessoas com insuficiência cardíaca. 

Apesar de o estudo não ter como objetivo primário a redução de peso, o grupo que recebeu tirzepatida apresentou uma queda de 13,9% no peso corporal em um ano. Já a turma do grupo placebo, que utilizou medicamentos consagrados, mas não tirzepatida, apresentou uma redução de 2,2% em um ano. 

Somente a redução de peso justificaria os benefícios observados sobre o coração e a qualidade de vida? O estudo não foi desenhado para responder isso, mas certamente o emagrecimento foi determinante. Outras possíveis justificativas são os efeitos diretos da tirzepatida no controle da glicose, da pressão arterial, da apneia do sono, do excesso de gordura no fígado etc. 

Outro fator que pode ter auxiliado é a redução da inflamação. A dosagem de um marcador de inflamação chamado proteína C reativa mostrou redução de 39% naqueles que utilizaram tirzepatida, versus 5% no grupo placebo. 

A tirzepatida já é aprovada no Brasil, porém, até o momento, apenas para o tratamento do diabetes tipo 2. E, apesar de aprovada, ainda não está à venda em nosso país. A expectativa é que ela chegue às farmácias brasileiras em 2025.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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