Você fez uma ultrassonografia de tireoide e tem nódulos.
Deve se preocupar?
Os nódulos de tireoide são relativamente comuns – mas só a minoria realmente vira câncer. Saiba como os médicos diferenciam os quadros
Nódulos de tireoide são frequentes: de 13% a 35% da população geral apresentarão o quadro, a depender da região e da disponibilidade de iodo. Aqui no Brasil, essa incidência é de 17%.
Mas atenção: a maioria dos nódulos são benignos! Quando se trata de câncer de tireoide, a incidência é de apenas 7 casos a cada 100 mil habitantes. Ou seja, algo em torno de 0,007% da população.
Geralmente, as pessoas nem percebem que têm um nódulo na tireoide – eles são o achado de um exame físico ou aparecem em uma ultrassonografia. Mulheres têm mais chance de apresentar nódulos de tireoide.
Pois bem, tenho nódulos de tireoide: e agora?
Esses nódulos devem ser analisados por um especialista e, a depender das características ultrassonográficas, podem só ser acompanhados. Ou, caso apresentem características suspeitas de um câncer, há de se prosseguir com a avaliação.
De acordo com o aspecto ultrassonográfico, sugerem benignidade:
- Nódulos bem delimitados, com contorno definido e preciso
- Nódulos que têm a coloração semelhante à do restante da tireoide, ou são mais claros do que o restante da glândula
- Nódulos que não apresentem pontos esbranquiçados (sugestivos de calcificações)
- Nódulos que são mais largos do que altos (o maior eixo do nódulo é horizontal)
Ao contrário, se apresentarem características opostas a essas, haverá um risco maior de ser câncer. Mas todos os nódulos precisam ser biopsiados?
A resposta é um sonoro não. Devem ser biopsiados nódulos que sejam suspeitos ou aqueles que, mesmo com características benignas, tenham mais que 15 milímetros.
A biópsia é realizada por uma punção com agulha fina, direcionada pela ultrassonografia. O exame é realizado por um médico que aspira o nódulo. Então esse material é levado ao laboratório e analisado pelo médico especializado em anatomia patológica.
Se você tem nódulo de tireoide, não se apavore. Procure um médico que avaliará seu caso e acompanhará a evolução do quadro.
5 de abril de 2024
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Maria Victoria Martinez Descalzo
Médica endocrinologista, com graduação e especialização pela FMUSP.