Olhar da Saúde-Thumbs-Atividade física na infância

Atividade física na infância e na adolescência: a meta de 60 minutos diários

A importância e os desafios por trás da recomendação de fazer crianças e jovens se exercitam ao menos uma hora por dia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que crianças e adolescentes de 5 a 17 anos pratiquem, pelo menos, 60 minutos diários de atividade física de intensidade moderada a vigorosa. Mas, para cerca de 20% desses jovens, ou a frequência ou a intensidade – às vezes ambas – não estão sendo cumpridas.

Veja: essa quantidade de esforço físico pode vir do transporte, das aulas de educação física, de esportes, de brincadeiras e até de exercícios planejados. O importante é que as atividades sejam variadas, adequadas ao desenvolvimento e, acima de tudo, agradáveis.

Em relação às atividades aeróbicas, elas podem incluir andar de bicicleta, caminhar, correr, jogar futebol, basquete, vôlei e afins, andar de patins, dançar e nadar. Observe que não é necessário que crianças e adolescentes saudáveis monitorem sua frequência cardíaca – o importante é estarem se movendo!

Mas não só as atividades aeróbicas são indicadas. Esse público também deve participar de práticas que promovam a força muscular em dois ou três dias por semana. Em se tratando de crianças menores, vale escalar, pular, dar cambalhotas e fazer ginástica, além de uma variedade de jogos.  

Já crianças mais velhas e adolescentes até podem participar de treinos de força supervisionados, desde que o foco seja a saúde e a mecânica dos gestos, enfatizada. Alguns exemplos: calistenia com o próprio peso corporal (como flexões e barra), treinamento com obstáculos e exercícios de força com halteres, bolas medicinais e faixas elásticas.

Benefícios comprovados

Pesquisas indicam que o condicionamento físico é um importante marcador de saúde em crianças e adolescentes. Infelizmente, há evidências de que a aptidão física nessa fase da vida (especialmente a cardiorrespiratória) diminuiu globalmente nas últimas décadas.

Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM), a participação regular em diferentes tipos de atividade física é essencial para o crescimento e o desenvolvimento saudáveis. 

As evidências mostram que a atividade física pode melhorar o desempenho acadêmico e promover a sensação de bem-estar. Em longo prazo, a participação em jogos ao ar livre e esportes recreativos ajudam a aprimorar o bem-estar de todas as crianças e adolescentes.

A atividade física também traz benefícios quanto ao colesterol, à pressão arterial e ao açúcar no sangue, além de melhorar a aptidão aeróbica, a força muscular, as habilidades de movimento e a saúde óssea. Há ainda evidências de que ela reduz o risco de:

  • Obesidade
  • Osteoporose
  • Síndrome metabólica
  • Gordura no fígado
  • Apneia do sono
  • Compulsão alimentar
  • Depressão

E isso tanto no presente como no futuro.

Um ponto relevante é que hábitos incorporados nas primeiras décadas de vida, como a participação em atividades físicas diárias, têm maior chance de se estenderem até a idade adulta. Detalhe: quantidades de atividade física superiores ao mínimo recomendado pela OMS estão associadas a benefícios adicionais. 

Contudo, hoje temos um desafio: o crescente aumento de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes. Por um lado, sabemos que isso está associado ao aparecimento de déficit de coordenação e de desenvolvimento motor. Por outro, crianças e adolescentes acima do peso talvez não queiram participar de atividades físicas, pois elas podem ser mais desafiadoras. 

Também é plausível que, entre aquelas com habilidades motoras deficientes, as atividades sedentárias (ou seja, assistir à TV e jogos eletrônicos) sejam opções mais agradáveis.

No fim, é transformando as atividades físicas em práticas prazerosas para as crianças – quaisquer crianças – que conseguiremos reverter as tendências de sedentarismo nessa faixa etária. 

Por Marcos Fortes,

Olhar da Saúde-Marcos de Sá
Marcos Fortes

Educador físico, doutor em Clínica Médica e pós-doutor em Psicologia pela UFRJ e pesquisador do IPCFEx do Exército Brasileiro.

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