Olhar da Saúde 2025-Thumbs-A importância da interoperabilidade

A importância da interoperabilidade nos sistemas de saúde e o papel das healthtechs

Visão integrada e eficiente no cuidado com o paciente
permite intervenções mais seguras e personalizadas

A interoperabilidade é uma das grandes protagonistas da transformação digital em curso no mundo da saúde e foi, sem dúvidas, uma das palavras-chave de 2024 que seguirão relevantes em 2025. Trata-se da capacidade de diferentes sistemas e tecnologias trocarem informações de maneira fluida e segura, permitindo uma visão integrada e eficiente do cuidado com o paciente.

Embora avanços importantes estejam sendo realizados em países como Estados Unidos, Canadá e nações europeias, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos. A heterogeneidade de padrões, sistemas legados e a ausência de consenso sobre boas práticas são barreiras à adoção plena da interoperabilidade. No entanto, vejo que estamos caminhando em direção às soluções, com exemplos concretos de avanço, como as iniciativas tecnológicas da Unimed do Brasil, que lançou recentemente as healthtechs NEXDOM, Yuni e InterAll como parte do projeto Sinergia. Essas movimentações indicam um setor que reconhece a urgência de construir ecossistemas mais integrados.

Osvaldo Gusmão - diretor de Produto e Desenvolvimento da NEXDOM
Osvaldo Gusmão, diretor de Produto e Desenvolvimento da NEXDOM

A interoperabilidade beneficia diretamente o paciente, proporcionando uma experiência mais integrada e eficiente. O acesso facilitado ao histórico médico reduz a necessidade de exames duplicados e agiliza o diagnóstico. Além disso, profissionais de saúde têm uma visão mais completa do quadro clínico, o que permite intervenções mais seguras e personalizadas. Por outro lado, a falta de interoperabilidade gera frustrações e fragmentação no cuidado. O sistema se torna redundante e burocrático para o paciente, enquanto os profissionais de saúde enfrentam dificuldades para acessar dados essenciais. Para as empresas do setor, a interoperabilidade representa ganhos em eficiência operacional, redução de custos e aprimoramento da experiência dos usuários. Um ecossistema integrado permite análises mais profundas, melhor gestão de recursos e criação de produtos mais aderentes às necessidades dos beneficiários.

Do ponto de vista técnico, o setor de saúde enfrenta a complexa tarefa de padronizar dados e integrar sistemas, em um desafio que tem encontrado um aliado em tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, que facilita a harmonização de informações provenientes de diferentes fontes. No campo regulatório, a LGPD trouxe um claro aumento na complexidade técnica e jurídica para a troca de informações, mas também abriu espaço para debates fundamentais sobre segurança e privacidade. A ANS, por sua vez, tem trabalhado em normativas que incentivem a troca de dados em saúde, mas ainda é preciso mais clareza e incentivo.

As healthtechs têm um papel essencial para transformar a visão da interoperabilidade em algo concreto, com agilidade, inovação e capacidade de solucionar problemas complexos com foco no usuário final. Ao unir conhecimento especializado e ferramentas tecnológicas, não apenas enfrentam os desafios atuais, mas criam soluções escaláveis que geram impacto duradouro no setor.

Para alcançar um nível ideal de interoperabilidade, o setor de saúde precisa de avanços em três frentes: maturidade tecnológica, regulação consistente e engajamento multilateral. Isso exige uma mudança cultural que promova a colaboração entre operadoras, prestadores de serviço e fornecedores de tecnologia. 

A interoperabilidade é mais do que uma meta tecnológica: é a chave para transformar o cuidado em saúde no Brasil e no mundo, e as healthtechs são fundamentais para liderar esse movimento.

Osvaldo Gusmão
Diretor de Produto e Desenvolvimento da NEXDOM.

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