A relação entre gordura no fígado e câncer
A esteatose hepática é capaz de colocar esse órgão em risco – inclusive por favorecer tumores
Muitas pessoas sabem que a obesidade leva a problemas como diabetes e doenças cardíacas, mas poucas entendem como ela afeta o fígado e, eventualmente, chega a resultar em um câncer no órgão.
A esteatose hepática, ou “fígado gorduroso”, ocorre quando há um acúmulo fora do normal de gordura nas células do fígado. Esse excesso é frequentemente associado à obesidade e ao sedentarismo. E, quando não contornado com mudanças no estilo de vida e eventuais tratamentos médicos, pode evoluir para uma inflamação, que ganha o nome de esteato-hepatite.
Essa inflamação, com o tempo, gera cicatrizes no fígado – é a temida cirrose. Quanto mais intensa a inflamação e os danos ao órgão, maior o risco de câncer.
A esteatose hepática muitas vezes não apresenta sintomas óbvios no início. Esse é um dos maiores perigos da condição: ela pode avançar sem que a pessoa perceba. Até que começam a aparecer chateações como fadiga, desconforto abdominal e, em casos avançados, icterícia (pele e olhos amarelados), acúmulo de água na barriga (ascite), desnutrição, varizes no esôfago etc.
Existem diferentes modos de identificar o estágio da esteatose hepática. Um é o FIB-4, um cálculo que leva em conta a idade e os exames de TGO e TGP e o valor das plaquetas (clique aqui para acessá-lo). Outro é o exame de elastografia do fígado, que pode ser feito por ultrassom ou ressonância magnética.
Infelizmente, no Brasil a maior parte dos médicos não solicita esses exames, como aponta a pesquisa Receita de médico: o que pensa quem cuida de pessoas com gordura no fígado.
Além da esteatose hepática, outros fatores que aumentam o risco de câncer de fígado são:
- Histórico familiar de outras doenças hepáticas
- Diabetes tipo 2
- Pressão alta
- Colesterol e triglicérides alterados
Entre os cânceres de fígado, o carcinoma hepatocelular é um dos mais letais, porque muitas vezes é diagnosticado em estágios avançados, quando as opções de tratamento ficam limitadas.
O diagnóstico
Se você está acima do peso ou tem outros fatores de risco, como diabetes, o médico pode solicitar exames para avaliar a saúde do seu fígado. Eles incluem:
- Exames de sangue: verificam os níveis de enzimas hepáticas e outros indicadores de saúde do fígado.
- Ultrassonografia abdominal: método não invasivo para visualizar a quantidade de gordura no órgão.
- Elastografia hepática: mede a rigidez do fígado e ajuda a identificar a fibrose.
- Biópsia hepática: consiste em uma retirada de parte do fígado para confirmar o diagnóstico de certas doenças e avaliar o grau de fibrose.
Cuide da saúde hoje para evitar problemas amanhã
A boa notícia é que, com acompanhamento médico regular e hábitos de vida saudáveis, a esteatose hepática pode ser contida, o que reduz o risco de câncer de fígado.
Nesse contexto, não devemos menosprezar a obesidade. Vale a pena conversar com o médico sobre a relação entre o excesso de peso e problemas no fígado e, se for o caso, fazer as avaliações necessárias. Se alguém próximo está sofrendo com a balança, incentive a busca por orientação médica – sempre com respeito, claro. Um simples exame pode fazer a diferença para um futuro saudável e livre de complicações.
8 de novembro de 2024
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