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Bebidas açucaradas e seus riscos amargos para a saúde global

Veja o papel de refrigerantes e sucos ultraprocessados no aumento de casos de diabetes e doenças do coração pelo mundo – e entenda o que fazer

Um estudo publicado em outubro de 2024 na revista Nature Medicine revelou o impacto do consumo global de bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados. Esses produtos não só contribuem para o ganho de peso, como são diretamente responsáveis por milhões de novos casos de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

De acordo com a pesquisa, o consumo de bebidas açucaradas foi responsável globalmente por:

  • 2,2 milhões de novos casos de diabetes tipo 2 em 2020, representando quase 10% dos casos novos da doença.
  • 1,2 milhão de novos casos de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame cerebral, o que equivale a 3% dos novos diagnósticos no mundo.

Regiões como América Latina, Caribe e África Subsaariana foram as mais afetadas, com proporções alarmantes. Na América Latina, quase 25% dos novos casos de diabetes tipo 2 foram atribuídos às bebidas açucaradas em 2020.

Por que essas bebidas são tão perigosas?

Os efeitos nocivos estão relacionados ao alto teor de açúcar de rápida absorção. Essas características podem promover:

  1. Ganho de peso: o açúcar líquido é metabolizado rapidamente, levando a aumento calórico sem saciedade. Então a pessoa acumula gordura, mas não mata a fome – o que termina em uma ingestão calórica ainda maior com outros alimentos.
  2. Disfunção metabólica: altas doses de açúcar estimulam a produção de gordura visceral e hepática, prejudicando o funcionamento do fígado e aumentando a resistência à insulina, um marco do diabetes tipo 2.
  3. Ação inflamatória: bebidas açucaradas aumentam os níveis de inflamação no corpo, um dos fatores associados a diabetes e doenças cardíacas.

Quem são os mais afetados?

Os dados mostram que certos grupos possuem maior risco de sofrer os impactos do consumo dessas bebidas.

  • Jovens adultos: a ingestão é maior em pessoas entre 20 e 40 anos, faixa etária na qual o marketing de refrigerantes e afins se concentra especialmente.
  • Pessoas de áreas urbanas: em regiões urbanas, a disponibilidade e o consumo são mais altos, especialmente em países em desenvolvimento.
  • Homens: em média, eles ingerem mais bebidas açucaradas do que as mulheres, o que se reflete em maiores índices de doenças associadas.

O que você pode fazer para reduzir o risco?

Se você consome bebidas açucaradas com frequência, reduzir ou eliminar esse hábito pode fazer uma grande diferença na sua saúde. Aqui estão algumas dicas:

  1. Mate a sede com outra coisa: água e bebidas sem açúcar são opções saudáveis.
  2. Leia os rótulos: mesmo bebidas com aparência saudável, como sucos de caixinha, podem conter altos níveis de açúcar.
  3. Evite estoque em casa: não ter essas bebidas à mão ajuda muito a reduzir o consumo.
  4. Aposte na ingestão de frutas in natura: se deseja algo doce, opte por frutas in natura, em vez de sucos ou bebidas processadas.

Mas e as políticas públicas? 

Alguns países têm implementado medidas para diminuir o consumo de bebidas açucaradas:

  • Taxação: México e Chile, por exemplo, aplicam impostos sobre bebidas açucaradas, o que reduziu significativamente o consumo.
  • Etiquetagem clara: rótulos que alertam sobre o alto teor de açúcar ajudam os consumidores a fazer escolhas informadas.
  • Educação alimentar: campanhas educativas promovem a conscientização sobre os riscos associados a essas bebidas.

A mudança começa com pequenas escolhas.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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