Brasil mantém os impostos sobre os refrigerantes. Por que devemos evitar essas bebidas?
Congresso volta atrás e mantém impostos mais altos sobre bebidas açucaradas
O Brasil enfrenta uma crise de saúde pública marcada por altos índices de obesidade, diabetes e outras condições crônicas. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 60% da população brasileira está acima do peso, e 25% é obesa. Um dos principais fatores que contribuem para esses números alarmantes é o consumo excessivo de alimentos e bebidas ultraprocessados, como os refrigerantes. Após um embate no poder legislativo e quase uma redução na incidência de impostos, as bebidas açucaradas permanecem com alta taxação (que na minha opinião poderia ser ainda maior).
Os refrigerantes são ricos em açúcar e praticamente desprovidos de nutrientes. Uma única lata contém até dez colheres (chá) de açúcar, o que ultrapassa o limite diário recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O consumo regular dessas bebidas está associado ao ganho de peso, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e problemas dentários. Além disso, pesquisas demonstram que crianças e adolescentes que consomem refrigerantes frequentemente possuem maior propensão a desenvolver hábitos alimentares não saudáveis, perpetuando um ciclo de má nutrição.
Apesar de uma ameaça à saúde, os refrigerantes são amplamente consumidos no Brasil. Um dos motivos é o preço acessível – resultado, inclusive, de muitas isenções fiscais das empresas que os produzem. Por isso, a tributação é uma ferramenta poderosa para desincentivar o consumo.
Eu não sou muito favorável a aumentar impostos no Brasil. Somos um país com uma das maiores cargas tributárias do mundo, e talvez um dos que menos se beneficiem dos impostos.
Porém, estudos internacionais mostram que aumentar impostos sobre bebidas açucaradas é uma das medidas mais eficazes para reduzir a sua ingestão. O México, por exemplo, implementou essa medida em 2014 e observou uma queda significativa no consumo, especialmente entre as famílias de baixa renda, que são mais vulneráveis aos impactos negativos desses produtos.
Além disso, a arrecadação gerada por esses impostos pode ser direcionada a políticas públicas de saúde, como campanhas educativas e programas de prevenção.
Segundo o Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde, as doenças relacionadas ao excesso de peso custam bilhões de reais ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A falta de atitude contra produtos não saudáveis perpetua a ideia de que o consumo de refrigerantes é inofensivo, o que dificulta a mudança de comportamento da população. Sem um sinal claro das autoridades de que essas bebidas são prejudiciais, as campanhas educativas têm alcance limitado.
A indústria dos refrigerantes investe muitos recursos em campanhas de marketing que associam seus produtos à felicidade e ao sucesso, mascarando de certa forma os danos reais que causam à saúde.
No entanto, cabe a todas as esferas do governo priorizar o bem-estar da população sobre os interesses econômicos de poucos. Medidas como a tributação de refrigerantes são essenciais para equilibrar essa balança e proteger a saúde pública.
É fundamental que a sociedade civil, organizações de saúde e cidadãos pressionem o governo a adotar políticas que priorizem a saúde pública.
Isso inclui regulamentações rígidas sobre publicidade infantil, rótulos mais claros e, principalmente, investimentos em educação alimentar para que as pessoas aprendam a fazer melhores escolhas.
17 de dezembro de 2024
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