Câncer de colo de útero: como evitar, diagnosticar e tratar
Ele pode ser prevenido, mas ainda é uma das principais causas de morte por câncer em mulheres no Brasil
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de colo de útero (CCU) é o terceiro tipo mais frequente entre mulheres e a quarta maior causa de morte por tumores malignos na população feminina brasileira – atrás apenas dos de pele, mama e colorretal. Apesar desses dados preocupantes, a boa notícia é que, quando diagnosticada nos estágios iniciais, essa doença tem virtualmente 100% de chance de cura, e pode ser totalmente evitada!
Como é desenvolvido o câncer de colo de útero?
Para começo de conversa, esse tumor atinge a parte inferior do útero, chamada justamente de “colo”. E a causa de praticamente todos os casos é uma infecção prolongada pelo papilomavírus humano (HPV).
O HPV é muito frequente: quase todas as pessoas sexualmente ativas terão contato com o vírus em algum momento da vida. Mas a maior parte dessas infecções é controlada pelo próprio sistema imunológico e desaparece espontaneamente em até dois anos.
Entretanto, quando a infecção persiste por muito tempo, podem surgir lesões que, se não tratadas, evoluem para um câncer.
Quais são os fatores de risco?
Nem toda infecção pelo HPV resulta em câncer – pelo contrário! A maioria dessas infecções regride naturalmente.
Mas há fatores que aumentam o risco de um câncer de colo de útero dar as caras. Entre elas, temos:
- Subtipos oncogênicos do HPV (versões do vírus mais propensas a provocar um tumor)
- Tabagismo
- Início de atividade sexual precoce
- Multiplicidade de parceiros sexuais
- Uso prolongado de contraceptivos
- Ter múltiplas gestações
Quais sintomas as mulheres podem sentir?
O desenvolvimento do câncer de colo de útero ocorre de forma lenta. É comum não haver sintomas nos estágios iniciais da doença, o que dificulta a detecção. Nos estágios mais avançados, podem surgir sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal, dor durante o sexo, incômodo abdominal e queixas urinárias ou intestinais, por exemplo.
É importante ressaltar que esses sintomas não são exclusivos dessa doença. Então é sempre necessário procurar um médico para um diagnóstico confiável e preciso.
Como é feito o diagnóstico?
De acordo com o INCA, o diagnóstico do câncer de colo de útero é feito de algumas formas:
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- Exame preventivo: Papanicolau (ele detecta lesões pré-cancerosas, que então podem ser removidas).
- Exame pélvico e história clínica da paciente: exame da vagina, colo do útero e reto através de avaliação com espéculo, toque vaginal e toque retal.
- Colposcopia: exame que permite visualizar a vagina e o colo de útero com um aparelho chamado colposcópio, capaz de detectar lesões anormais nessas regiões.
- Biópsia: caso sejam detectadas células anormais no Papanicolau, é necessário realizar uma biópsia, com a retirada de pequena amostra de tecido para análise no microscópio.
- Teste molecular: a partir de amostras do colo do útero, esse exame é capaz de detectar a presença do HPV na região.
Afinal, como prevenir o câncer de colo de útero?
Há duas formas principais: a vacinação contra o HPV (especialmente antes do início da vida sexual) e o exame preventivo (Papanicolau).
No Brasil, a vacina contra o HPV faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A vacina disponibilizada no SUS é a quadrivalente (HPV4), que protege contra quatro subtipos do vírus: 6, 11, 16 e 18 (estes dois últimos, aliás, são os mais associados ao câncer de colo de útero).
O imunizante pode ser aplicado em meninas de 9 a 14 anos e em meninos de 11 a 14. Em pessoas com o sistema imune comprometido, a vacinação pode ser feita entre os 9 e 45 anos de idade, segundo o Ministério da Saúde.
Já nas clínicas privadas, temos aprovada desde 2023 a vacina nonavalente – contra nove subtipos –, que pode ser aplicada em homens e mulheres dos 9 aos 45 anos. “Enquanto a quadrivalente aumenta a proteção contra câncer de colo do útero em 70%, a vacina nonavalente protege em cerca de 90%”, explica Andréa Paiva Gadêlha Guimarães, do A.C.Camargo Cancer Center.
Já o exame preventivo tem o papel de identificar possíveis lesões causadas pelo HPV e deve ser realizado em mulheres especialmente entre os 25 a 64 anos de idade. É um exame simples e rápido (em alguns casos pode causar incômodo), que consiste em colher material do colo do útero para ser analisado no laboratório. Ele deve ser realizado de 10 a 20 dias após a menstruação.
Além da vacinação e do exame preventivo, a camisinha contribui para reduzir a transmissão do vírus. Mas atenção: ela não deve ser a única via de prevenção, já que o vírus é transmitido pelo contato íntimo, mesmo sem penetração.
Quais são os tratamentos recomendados?
Em lesões pré-cancerosas, o tratamento ocorre por meio de uma eletrocirurgia. Ou seja, por meio de radiofrequência, o médico “queima” a região no colo do útero e evita que ela vire um câncer.
Já quando o tumor é confirmado, as opções dependem do estágio em que se encontra o câncer e outros fatores pessoais, como a idade e o desejo de ter filhos.
Na maioria dos casos, em estágio inicial, pode ser feita uma cirurgia em que há grandes chances de cura. Mas, por vezes, é necessário complementar o tratamento com quimioterapia ou radioterapia.
Nos estágios avançados, com comprometimento dos gânglios linfáticos (linfonodos) da pelve ou de outros órgãos, o tratamento envolve quimioterapia ou combinação de quimioterapia e radioterapia.
8 de abril de 2024
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