Olhar da Saúde 2025-Thumbs-Dapagliflozina

Dapagliflozina (Forxiga), medicamento para diabetes tipo 2, entra na farmácia popular a custo zero. Quem poderá se beneficiar?

Antes fornecida através de coparticipação do paciente, medicamento acaba de se tornar inteiramente gratuito para quem atende a determinados requisitos

A dapagliflozina está aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) contra o diabetes tipo 2 desde 2012. Ao eliminar o excesso de glicose e sal pelos rins e pela urina, ajuda a controlar a glicemia e a pressão arterial – além da perda de peso pela menor absorção de calorias, que viriam da glicose. Apesar dos benefícios, o uso da droga esbarra no custo. Desde 2022, o medicamento entrou na Farmácia Popular para casos específicos, mas exigia coparticipação do paciente no pagamento. Agora, em 13 de fevereiro de 2025, o Ministério da Saúde anunciou a disponibilização gratuita da dapagliflozina por meio do programa.

Quem pode retirar dapagliflozina na Farmácia Popular?

Para ter acesso ao medicamento sem custo, o paciente deve atender a três critérios principais:

  1. Idade maior ou igual a 65 anos.
  2. Diagnóstico de diabetes tipo 2.
  3. Histórico de doença cardiovascular.

No entanto, as farmácias integradas ao programa precisarão de um tempo para estruturar o fornecimento. Segundo levantamento realizado em 14 de fevereiro de 2025, algumas unidades ainda não disponibilizavam o medicamento sem custo.

Outro caminho na rede pública

Além da Farmácia Popular, a dapagliflozina está disponível gratuitamente no SUS desde 2020 para pacientes com diabetes tipo 2 mal controlado, mesmo usando metformina e sulfonilureia. Além disso, é necessário apresentar ao menos um dos fatores a seguir:

  • Idade maior ou igual a 40 anos e presença de doença cardiovascular.
  • Idade maior ou igual a 55 anos (homens) ou 60 anos (mulheres) e hipertensão, colesterol ou triglicérides altos ou tabagismo.

Para obter o medicamento dessa forma, o paciente deve apresentar a receita médica atualizada nas unidades do SUS juntamente com o LME preenchido pelo seu médico. LME é a sigla para Laudo de Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica do SUS. Ele pode ser acessado e impresso pelo link https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/daf/publicacoes/lme.pdf/view

A Importância da farmacoeconomia no SUS

A disponibilização da dapagliflozina gratuitamente no SUS e na Farmácia Popular faz parte de uma estratégia de farmacoeconomia. O governo investe em um medicamento mais caro para prevenir complicações graves no futuro, o que reduz custos com internações e tratamentos mais complexos e melhora a qualidade de vida.

Essa decisão representa um avanço na equidade do tratamento do diabetes tipo 2 no Brasil. No entanto, é fundamental que médicos prescrevam a dapagliflozina para quem realmente se beneficia dela. Da mesma forma, os pacientes devem seguir corretamente o tratamento para garantir os benefícios esperados.

Para além do diabetes tipo 2

Com o avanço dos estudos, descobriu-se que a dapagliflozina também reduz a ocorrência de insuficiência cardíaca (em pessoas com e sem diabetes). Ela também diminui o risco de insuficiência renal grave e a necessidade de terapias como a diálise. Diante disso, hoje ela é indicada para:

  1. Controle do diabetes tipo 2.
  2. Insuficiência cardíaca.
  3. Insuficiência renal crônica.

Empagliflozina: outra opção da mesma classe 

A empagliflozina possui mecanismo de ação semelhante ao da dapagliflozina. Ela foi o primeiro medicamento para diabetes tipo 2 a demonstrar redução de mortalidade em pessoas com a condição. Seu mecanismo de ação e benefícios são muito semelhantes aos da dapagliflozina.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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