Estudo indica que Ozempic e Victoza reduzem consumo de álcool em pessoas com obesidade
A pesquisa sugere que essa classe de medicamentos pode contribuir no controle das bebidas alcoólicas, que inclusive sabotam a perda de peso. Mas outros trabalhos são necessários
Um estudo publicado em dezembro de 2024 na revista Diabetes, Obesity and Metabolism trouxe dados interessantes sobre o potencial de medicamentos conhecidos análogos do GLP-1 – como a semaglutida (nome comercial: Ozempic) e a liraglutida (Victoza) – na redução do consumo de álcool em pacientes com obesidade. Cabe destacar que esses remédios são utilizados para ajudar no emagrecimento e para controlar o diabetes.
O achado gera interesse porque o álcool, além de provocar diferentes danos ao corpo, contribui para o ganho de peso. Então seria uma opção para lidar com duas questões ao mesmo tempo.
Embora os resultados sejam promissores, os próprios autores enfatizam que essa é uma pesquisa inicial, com limitações importantes, e que mais evidências são necessárias antes de conclusões definitivas.
O que diz o estudo?
Os pesquisadores acompanharam 262 pacientes com obesidade que estavam sendo tratados com semaglutida ou liraglutida. Durante 15 meses, foi observado que as pessoas que consumiam álcool regularmente reduziram sua ingestão, em média, de 11,8 para 4,3 unidades por semana após o início do tratamento. O efeito foi especialmente pronunciado nos indivíduos que bebiam mais.
Com base em outros estudos, os autores supõem que esse efeito tem a ver com a atuação dos análogos do GLP-1 no sistema de recompensa do cérebro. Eles diminuiriam a liberação de dopamina associada ao álcool, o que tiraria parte do prazer da bebida, assim por dizer.
E para constar: nessa investigação, a redução média de peso com o uso dessas medicações foi de 7,7% em seis meses, o que é considerado positivo.
Limitações
Apesar dos resultados empolgantes, o estudo exige uma dose de cautela com a interpretação dos dados.
- Número reduzido de participantes: apenas 262 pacientes foram incluídos, o que restringe a generalização dos resultados. Além disso, o seguimento foi de apenas seis meses.
- Dados autorrelatados: o consumo de álcool foi informado pelas próprias pessoas, o que pode levar à subnotificação ou imprecisão.
- Falta de grupo controle: sem um grupo comparativo, fica difícil determinar se a redução do consumo de álcool foi de fato resultado direto do tratamento com GLP-1.
- Perda de acompanhamento: 28% dos participantes não completaram o estudo, o que pode introduzir viés nos resultados.
Isso significa que estudos maiores e mais robustos são imprescindíveis para confirmar esses achados e entender os mecanismos envolvidos. E até para verificar se esse suposto benefício está restrito a pessoas com obesidade, ou se também seria estendido para o resto da população.
Por enquanto, esses remédios não devem ser utilizados com o objetivo de controlar o uso abusivo de álcool.
O que são medicamentos GLP-1?
Os análogos do GLP-1 são utilizados no tratamento de obesidade e diabetes tipo 2 que modulam a produção de insulina e glucagon no pâncreas. Eles ajudam a controlar o apetite, promovem a perda de peso e melhoram o controle glicêmico.
13 de janeiro de 2025
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