Inteligência artificial pode ser útil no diagnóstico do excesso de gordura no fígado
Ferramentas tecnológicas ajudam a superar o dilema do subdiagnóstico da esteatose hepática
Durante o Congresso Americano de Fígado, vários trabalhos foram apresentados mostrando o desafio de vencer o subdiagnóstico do excesso de gordura no fígado (também chamado de esteatose hepática) – mesmo em países ricos como os Estados Unidos. Hoje, faltam dados até para saber em que estágios da doença as pessoas diagnosticadas se encontram.
Uma pesquisa conduzida com mais 170 milhões de segurados de saúde norte-americanos aponta que só cerca de 3% possuem diagnóstico de esteatose hepática. Acontece que estudos epidemiológicos desenhados com metodologia para detectar casos de esteatose hepática sugerem que 32% da população apresentariam esse problema. Então parece que muita gente está com o fígado cheio de gordura sem saber disso.
Mas como preencher essa lacuna? Uma das formas seria com uma ferramenta de inteligência artificial interligada aos prontuários eletrônicos. Com o prontuário do paciente, a inteligência artificial analisa critérios como obesidade, presença de diabetes, pressão alta, exames como ultrassom de abdômen etc. Valendo-se dessas informações, a tecnologia foi capaz de detectar 88% dos casos – isso segundo um estudo apresentado por pesquisadores da Universidade de Washington, liderados por Ariana Stuart.
Esse é um exemplo típico da simbiose entre medicina humanística e tecnologia com inteligência artificial.
Outros estudos nessa área foram mostrados no Congresso Americano de Fígado. Pesquisadores da Mayo Clinic, em Rochester, apresentaram um trabalho experimental analisando características de mais de 15 mil pessoas com e sem esteatose hepática (e com graus variados de fibrose hepática). Esses dados foram alinhados com resultados do eletrocardiograma, um exame simples de ser feito em prontos-socorros e em clínicas cardiológicas.
Com inteligência artificial, os pesquisadores então “ensinaram” à máquina quem eram os pacientes. A partir daí, o software “aprendeu” com elevada sensibilidade quais as pessoas mais e menos graves do ponto de vista de danos no fígado. No final, com um simples eletrocardiograma, foi possível distinguir e diagnosticar perfis diferentes de pacientes.
O futuro parece mais próximo do que nunca. Com o apoio da inteligência artificial, podemos melhorar, e muito, o atendimento de pessoas com excesso de gordura no fígado – sem abrir mão do humanismo.
2 de dezembro de 2024
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