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Meu filho não cresce. Ele tem alguma doença?

A avaliação do crescimento é um dos itens obrigatórios nas consultas pediátricas. Mas há particularidades importantes para não cair em paranoia

A avaliação de crescimento é obrigatória nos consultórios pediátricos. Por quê? Em resumo, porque o crescimento é um marcador de boa saúde da criança ou do adolescente. Não é que crescer pouco ou muito deva virar uma paranoia – mas essa métrica ajuda o profissional a entender certas questões.

E como fazemos essa avaliação? Através das chamadas curvas de crescimento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) criou curvas de crescimento para meninos e meninas de acordo com a faixa etária – e os pediatras usam essa ferramenta para avaliar o peso e a altura de acordo com a idade. 

Toda avaliação de crescimento deve ser feita periodicamente. Ou seja, a criança ou o adolescente devem ir rotineiramente ao médico para monitorar o crescimento. É errado não levar a criança ou adolescente para consulta só porque ela não fica doente, sabia?

O crescimento do seu filho, aliás, é avaliado não somente em relação às demais crianças da mesma faixa etária, como também com base nos pais.

A altura dos pais é fundamental para verificarmos se aquele paciente cresce bem ou não e como isso pode se refletir no futuro. O potencial genético dos pais tem forte influência e é um dos motivos pelos quais algumas crianças são maiores que as outras. 

Outro detalhe: a linha do meio no gráfico da curva de crescimento não significa média. Ou seja, estar acima da linha do meio não significa que a criança será mais alta do que a maioria dos coleguinhas. Tudo – inclusive esses cálculos – é baseado no paciente individualmente, e em relação aos pais. 

As fases de crescimento

A velocidade de crescimento é maior na vida intrauterina e até os 2 anos de idade, além da época da puberdade (o famoso estirão de crescimento). 

Já a fase entre os 2 anos até a puberdade é quando a criança menos cresce. Em média, de quatro a cinco centímetros por ano nas meninas, e de cinco a seis centímetros por ano nos meninos. Entre outras coisas, o que se costuma verificar no crescimento (e no ritmo de crescimento):

  • As medidas do paciente e dos pais
  • História pregressa da criança, desde a gestação e o nascimento
  • História familiar de problemas de crescimento dos familiares
  • Como foi a puberdade dos pais
  • Dentição (troca de dentes atrasada pode significar que o crescimento do indivíduo ocorrerá mais tardiamente) 
  • Uso de medicamentos que podem interferir no desenvolvimento (o exemplo clássico são os corticoides)
  • Presença de alguma doença de base
  • Se o paciente entrou na puberdade

Isso tudo para dizer que, se o seu filho não cresce como o esperado, há uma série de fatores que o médico considera. A presença de uma doença nem sempre é a resposta correta.

Um exemplo clássico disso é o maturador tardio: o menino ou menina que inicia a puberdade mais tarde na vida. Lembrando que a puberdade costuma acontecer entre os 8 e 13 anos nas meninas, e entre os 9 e 14 anos nos meninos. 

Já os maturadores tardios iniciam as mudanças corporais típicas da puberdade mais tarde e, consequentemente, terão o estirão de crescimento atrasado. Ainda assim, eles chegarão na estatura final prevista previamente pelo potencial genético.

Mas, claro, há distúrbios que podem afetar o crescimento. Entre eles, podemos destacar:

  • Anemia por falta de ferro
  • Doenças crônicas mal controladas (diarreia crônica, asma, fibrose cística etc.)
  • Hipotireoidismo (além de baixa estatura, pode causar atraso de desenvolvimento e baixo ganho de peso)
  • Diferentes doenças raras

É importante reforçarmos que nem sempre a criança ou adolescente tem baixa estatura pela falta de hormônio de crescimento, o famoso GH. Aliás, a deficiência dele não é muito comum, e, quando ocorre, o paciente terá uma baixa estatura muito importante. 

Quando se avalia o crescimento, um exame bastante solicitado é a idade óssea, pelo qual conseguimos mensurar justamente a “idade corporal” da criança ou do adolescente. Com isso, é possível enxergar naquele instante até onde o paciente pode chegar e, de acordo com essa avaliação, fazer a investigação complementar para descobrir a causa do crescimento atrasado. 

Portanto, avaliar o crescimento é uma prática obrigatória, independentemente da criança ou do adolescente. Quanto mais precoce for detectado um problema, maiores serão as chances de sucesso do tratamento.

 Por Thiago Hirose,

Olhar da Saúde-Thiago Santos Hirose
Thiago Hirose

Endocrinologista pediátrico, membro da SPSP e educador em diabetes pela ADJ Diabetes Brasil.

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