Cagrilintida, quando associada à semaglutida, promove resultado animador em pessoas com obesidade ou sobrepeso
Combinação de tratamentos semanais promove redução de 20,4% de peso corporal em pouco mais de um ano
Perder, em média, mais de 20% do peso corporal com segurança e eficácia. Foi isso que os pesquisadores encontraram ao aliar a já conhecida semaglutida com a cagrilintida em um estudo de fase 3. O mais surpreendente: acima de 30% dos participantes conseguiram eliminar até 30% do peso inicial.
A combinação tem até nome: CagriSema, e foi testada na pesquisa REDEFINE 1. Publicada no renomado periódico científico The New England Journal of Medicine e apresentada no Congresso da Associação Americana de Diabetes, a pesquisa reuniu mais de 3.400 pessoas com sobrepeso ou obesidade.
Como o CagriSema funciona?
A semaglutida é conhecida no mercado pelos nomes comerciais Wegovy® e Ozempic®. Ela atua como um ativador do receptor GLP-1, ajudando a reduzir o apetite, melhorar a saciedade e controlar a glicemia.
Já a cagrilintida é um análogo da amilina, um hormônio que também regula o apetite, mas através de mecanismos complementares.
Quando administradas juntas, as duas substâncias potencializam seus efeitos, o que promove uma redução de peso superior a qualquer uma isoladamente.
No REDEFINE 1, os participantes que utilizaram a combinação apresentaram, em média, uma perda de 20,4% do peso corporal em cerca de 1,4 ano — o que significa cerca de 21,6 quilos!
Resultados para além da balança
Mais do que perder peso, os participantes colheram benefícios adicionais, como:
- Redução da circunferência abdominal: média de 13,4 centímetros a menos.
- Melhora da pressão arterial: redução de quase 10 mmHg na pressão sistólica (o primeiro número da medição). Isso representa, por exemplo, sair de 13 para 12 por 8.
- Melhora na qualidade de vida: os escores de bem-estar físico e funcional aumentaram significativamente.
- Reversão da pré-diabetes: 87,7% dos participantes com pré-diabetes voltaram a apresentar taxas normais de glicemia.
Os dados indicam que o CagriSema pode ser uma ferramenta poderosa não apenas para redução do peso, mas para tratar e até prevenir doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemias. Estudos exclusivos com diabetes tipo 2 foram apresentados e publicados recentemente e os resultados também são animadores.
Segurança e tolerabilidade
Como todo tratamento, o CagriSema não está isento de efeitos colaterais. Os mais comuns foram de ordem gastrintestinal, como náuseas, diarreia e constipação, geralmente leves e transitórios. Cerca de 6% dos participantes interromperam o tratamento devido a efeitos adversos — um índice considerado baixo diante dos benefícios obtidos.
A administração é simples: uma injeção subcutânea por semana, feita com uma caneta aplicadora de uso único. O tratamento é escalonado, começando com doses menores e aumentando progressivamente até a quantidade plena. Essa estratégia ajuda justamente a minimizar os efeitos indesejáveis.
O estudo incluiu adultos com índice de massa corporal (IMC) acima de 30, o que configura obesidade. Ou com mais de 27, o que seria sobrepeso, porém com pelo menos uma complicação relacionada (como hipertensão ou dislipidemia).
Outro ponto importante: o tratamento é sempre associado a mudanças no estilo de vida, como reeducação alimentar e atividade física. A medicação potencializa os resultados, mas não substitui hábitos saudáveis.
Com resultados tão expressivos, o CagriSema representa um novo marco no tratamento da obesidade. Trata-se de uma abordagem inovadora na combinação de duas substâncias eficazes, oferecendo flexibilidade na dose e um perfil de segurança favorável.
Mas um recado final: estamos falando de estudos de fase 3, que possivelmente serão avaliados por agências de vigilância sanitária pelo mundo. Até o momento, o CagriSema não é comercializado em nenhum país do mundo.
, 1 de julho de 2025
