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Fibromialgia: por que tenho tanta dor?

Mesmo com exames aparentemente normais, pessoas com essa condição sofrem com incômodos no corpo todo – e não é só isso

A fibromialgia atinge de 0,2 a 5% da população geral, de acordo com estudos. Ela é uma doença reumática marcada por dor generalizada, fadiga e sono não reparador. Outras manifestações podem estar presentes, como sensação de inchaço nas mãos, formigamento em diferentes partes do corpo, cólicas abdominais e problemas com a memória e a concentração. 

Mas, como a fibromialgia não é uma doença inflamatória, muitos pacientes perguntam: “Se meus exames são todos normais, por que tenho tanta dor?”.

O que acontece é uma interpretação inadequada da dor. Veja só: em geral, as mensagens do corpo são enviadas ao cérebro, que é responsável por interpretá-las e dar respostas proporcionais. 

Nas pessoas com fibromialgia, as mensagens enviadas ao cérebro são interpretadas de forma desproporcional ou inadequada. A dor sofre, então, uma amplificação – por isso dizemos que a fibromialgia é uma síndrome de amplificação dolorosa. 

Hoje, sabemos que os pacientes apresentam alterações nos níveis de neurotransmissores (substâncias químicas presentes no cérebro) capazes de aumentar a sensação de dor. 

Essa sensibilização do cérebro pode começar na infância ou adolescência e apresenta forte componente genético. Além disso, a depressão e a ansiedade influenciam os sintomas da fibromialgia, aumentando ainda mais as queixas dolorosas.

Não há um exame específico que comprove a fibromialgia. O diagnóstico é clínico, sendo a presença de dor generalizada e duradoura fundamental. A fadiga e o sono que não descansa também são importantes. 

O médico precisa estar atento à possibilidade de outras doenças que causam as mesmas queixas da fibromialgia, como hipotireoidismo, quadros neurológicos, câncer, transtornos psiquiátricos e enfermidades reumáticas inflamatórias (a artrite reumatoide é uma delas).

O tratamento da fibromialgia inclui medicamentos com intervenções não farmacológicas. Entre os remédios, podemos recorrer a alguns antidepressivos, que funcionam como analgésicos. Além disso, relaxantes musculares são muito úteis em momentos de piora da dor. 

Já entre as medidas não medicamentosas, a realização de exercícios físicos é a mais importante. Tratamentos como massagens e acupuntura têm evidências limitadas, e, até o momento, nenhuma dieta ou restrição alimentar se mostrou comprovadamente eficaz. 

Por Daniela Moraes,

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Daniela Moraes

Médica reumatologista pelo HC-FMRP-USP. Graduação, mestrado e doutorado pela FMRP-USP.

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