Olhar da Saúde-Thumbs-O que as Blue Zones

O que as Blue Zones nos ensinam sobre longevidade saudável

Regiões do planeta em que as pessoas são especialmente longevas valorizam especialmente cinco hábitos

Você já ouviu falar nas Blue Zones, ou “Zonas Azuis”, em português? São as cinco regiões do planeta em que as pessoas vivem, em média, muito tempo – e com qualidade de vida.

Essas áreas estão localizadas em Nicoya (Costa Rica), Loma Linda (Estados Unidos), Okinawa (Japão), Icaria (Grécia) e Sardenha (Itália). Nesses locais, não é incomum encontrarmos centenários em plena atividade, trabalhando, cozinhando, andando por aí…

Qual a razão disso? Há pontos em comum nesses lugares que parecem ser fundamentais na manutenção da saúde. Destacarei cinco:

  1. Atividade física

Nas Blue Zones, pessoas com idade avançada continuam ativas. Elas trabalham, cuidam do jardim, dançam, praticam artes marciais, pastoreiam o rebanho… e ficam pouco tempo sentadas.

Daí podemos tirar que qualquer atividade conta. Não é necessário frequentar uma academia para ser ativo – o importante é não passar o tempo todo no sofá.

  1. Alimentação

Em média, os moradores das Zonas Azuis priorizam a comida natural. Eles descascam mais e desembrulham menos – ou seja, consomem poucos alimentos processados e ultraprocessados. 

Muitas vezes, aliás, essas pessoas ingerem o que plantam. A dieta é composta basicamente de vegetais, como frutas, verduras, legumes, grãos, cereais integrais, ervas aromáticas, oleaginosas (castanhas). Laticínios também têm seu espaço, mas a carne vermelha é menos frequente no prato e a gordura utilizada é a insaturada (presente em azeite ou óleo vegetal).

Peixe e frango estão presentes, mas sempre de forma moderada. 

  1. Propósito de vida

Os japoneses chamam isso de ikigai, que nada mais é do que ter objetivos que geram motivação para se cuidar. Essas metas podem ser variadas, como persistir com o trabalho de toda a vida ou ser capaz de cuidar dos netos.

Uma revisão feita pela Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, mostrou que pessoas com propostas de vida têm menor risco de Alzheimer e doenças cardiovasculares, além de uma melhor qualidade do sono. 

  1. Bons relacionamentos

Interagir diariamente com parentes e amigos, participar de decisões na comunidade ou na família, transmitir ensinamentos, trocar experiências… 

Tudo isso afasta o isolamento – que favorece problemas como a depressão – e nos aproxima de sentimentos como carinho, amor e gratidão.

  1. Espiritualidade

Não importa a religião: a fé, em seu sentido mais amplo, contribui para uma maior resiliência e aceitar aquilo que não pode ser mudado, o que traz paz de espírito. 

Os problemas devem ter a dimensão que têm, não mais! Ao entender isso, as populações das Blue Zones passam longe da ansiedade e são mais felizes.

Um recado final

No quesito longevidade, a genética é importante. Uma pessoa pode incorporar todos os hábitos saudáveis e, ainda assim, não chegar aos 100 anos. Mas a sua contribuição fica na casa de 15 a 20%, o que é muita coisa!

E, ainda que não possamos seguir à risca todas as recomendações saudáveis, podemos melhorar nosso estilo de vida para, de pouco em pouco, viver mais e melhor!

Por Maria Victória Martinez Descalzo,

Olhar da Saúde-Maria Victória Martinez Descalzo
Maria Victoria Martinez Descalzo

Médica endocrinologista, com graduação e especialização pela FMUSP.

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