Atividade física na gravidez: com orientação, vale muito a pena!
Medos e efeitos da própria gestação fazem muitas mulheres caírem no sedentarismo ao engravidarem. Mas, com acompanhamento, os exercícios fazem bem para a mãe e o bebê!
O termo “atividade física” inclui os movimentos intencionais e estruturados (como os exercícios) e os, digamos, não intencionais (práticas da vida diária, como subir escadas etc.). Ambos são importantes durante a gravidez.
Entre os benefícios, a literatura científica mostra uma redução de, aproximadamente, 40% no risco de complicações graves na gestação, como pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional e diabetes gestacional. Além disso, grávidas ativas fisicamente são menos propensas a sintomas depressivos.
Apesar disso, muitas mulheres se exercitam insuficientemente mesmo antes da gravidez – e reduzem ainda mais suas atividades durante essa fase. Dados da literatura mostram que 55% das mulheres interrompem seus exercícios habituais devido à gravidez, e apenas 20,1% das gestantes relataram ter feito alguma prática do tipo.
Mais: infelizmente, os resultados de diversos estudos mostram que o nível de atividade física é, em geral, muito baixo para que as mulheres alcancem os benefícios materno-fetais cientificamente comprovados.
Por que isso acontece? Em parte, por efeitos típicos dessa etapa da vida, como fadiga, náusea ou dor nas costas. O próprio medo de os exercícios fazerem mal ao bebê pode desestimular algumas mulheres.
Nesse ponto, antes de recomendar atividades físicas, os profissionais de saúde devem avaliar as gestantes em relação a complicações médicas ou obstétricas. As recomendações são individualizadas quanto ao tipo, à frequência e à intensidade de exercícios, e o acompanhamento precisa ser regular.
Algumas situações em que a prática de atividade física pode representar riscos incluem quadros como placenta prévia, sangramento vaginal, pré-eclâmpsia, restrição de crescimento fetal. Mas, feita essa avaliação, reitero que as atividades físicas em geral são preconizadas!
E quais práticas fazer? As aeróbicas mais recomendadas são caminhada, natação, ciclismo estacionário e hidroginástica. Já para o treinamento de resistência e força, musculação, pilates e ginástica são boas opções. Mas atenção: todos devem ser adaptados para a gravidez!
Deve-se, por exemplo, evitar exercícios que envolvam a posição supina ou a permanência prolongada em pé. Estudos demonstraram que essas posições reduzem o retorno venoso e causam queda de pressão em 10 a 20% das gestantes.
Por outro lado, recomendam-se, ainda, exercícios específicos para a gravidez (exercícios abdominais, do assoalho pélvico e de postura corporal, para citar três). Com acompanhamento e avaliação, não há motivo para ter medo das atividades físicas nessa fase!
9 de abril de 2024
,Marcos Fortes
Educador físico, doutor em Clínica Médica e pós-doutor em Psicologia pela UFRJ e pesquisador do IPCFEx do Exército Brasileiro.