Olhar da Saúde-Thumbs-Desanimo

Quando o desânimo pede um diagnóstico

Estado de exaustão tem levado pessoas a buscarem ajuda médica com cada vez mais frequência

Nada mais natural do que ter um dia pouco produtivo, não é verdade? Não é incomum nos darmos por satisfeitos quando conseguimos cumprir apenas os compromissos diários inadiáveis, sejam eles quais forem – o que, a julgar pela rotina de grande parte das pessoas na modernidade, já é muito! A questão é quando mesmo o impreterível, contraditoriamente, acaba ficando para depois, ou quando a tarefa mais irrisória requer um esforço enorme.

Quando um familiar, um amigo ou um colega de trabalho apresenta esse quadro, podemos estar diante de uma condição conhecida como síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional. O Ministério da Saúde define a doença como um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultantes de situações de trabalho desgastante, que demandam intensa competitividade ou responsabilidade.

A síndrome foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) em janeiro de 2022, isto é, há pouco tempo. Em reforço à definição do Ministério da Saúde do Brasil, desde essa inclusão a doença é descrita não só como um “estado de exaustão vital”, ligado a questões pessoais ou familiares, mas como um esgotamento fruto do estresse crônico advindo do trabalho. Isso tem feito crescer o número de indivíduos em busca de atendimento psicológico e psiquiátrico – algo que, se por um lado, significa que o interesse pelo assunto vem aumentando, por outro lado aponta que muita gente está apresentando esse problema.

Burnout”, termo vindo do inglês, compreende a junção das palavras burn (queimar) e out (exterior). Ou seja, nessa síndrome ocorre uma “queima de fora para dentro”, em que fatores externos exercem forte pressão no interior, ou na saúde mental, do indivíduo. Profissionais de RH, vendas, educação, TI, que atuam em cargos de administração e liderança estão entre aqueles mais acometidos pela doença, de acordo com estudo publicado em reportagem de 2023 da revista Exame. A faixa etária mais comum, conforme matéria publicada no site da National Geographic em 2022, vai dos 25 aos 40 anos, fase em que as pessoas estão mais ativas profissionalmente.

O resultado de toda essa pressão são sintomas que, em alguns casos, podem aparecer de forma branda, mas que pioram com o tempo – o que pode impedir o paciente, ou pessoas próximas a ele, de suspeitar do real problema em pouco tempo. Entre esses sintomas estão dor de cabeça frequente, insônia, dificuldades de concentração, alterações de humor, desânimo, isolamento, aumento da pressão arterial, dores musculares, problemas intestinais e estomacais… a lista é grande!

Mas as possibilidades de tratamento também existem, com boas chances de reversão. O especialista a ser procurado é o psicólogo ou psiquiatra. A psicoterapia é capaz de identificar a causa geradora principal do problema e, a partir de então, oferecer mecanismos para enfrentá-lo. O afastamento do trabalho não está descartado, tampouco o uso de ansiolíticos e antidepressivos. Paralelamente, o estresse diário pode ser atenuado com a prática de atividades físicas, um período de férias e/ou um convívio maior com a família e os amigos.

As dicas de prevenção também são várias – mais uma boa notícia! No ambiente profissional, promover a conscientização sobre a síndrome é essencial, além de construir um ambiente de apoio para que todos os membros da equipe busquem ajuda assim que sentirem necessidade. Gerenciar a carga de trabalho, estabelecendo limites diários e visando sempre ao equilíbrio entre vida particular e corporativa, é outra recomendação valiosa, bem como evitar pensamentos desmotivadores, muitas vezes propagados por pessoas negativas. Falar dos próprios sentimentos com os amigos, definir pequenas metas diárias e se permitir algumas novidades, como ir a um restaurante inédito ou fazer um bate e volta em uma cidade que nunca se tenha visitado antes, também podem fazer uma diferença e tanto em sua rotina. Mente e corpo só podem sair ganhando!

Por redação,

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