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Setembro Amarelo: a importância de cuidar da saúde mental

Juliana Sanches, professora de Amigurumi, conta como a técnica de bonecos de crochê a ajudou a sair de um quadro de depressão

O mês de setembro é marcado pela campanha Setembro Amarelo, que promove a conscientização sobre a prevenção ao suicídio e a importância do cuidado com a saúde mental. A iniciativa busca incentivar o acolhimento, a escuta e o diálogo, além de estimular as pessoas a buscarem ajuda profissional quando necessário. Criada no Brasil em 2015, a campanha representa um símbolo de luz, vida e esperança para pessoas que sofrem de ansiedade, depressão, estresse e outros transtornos. 

Um estudo realizado pela Escola de Psicologia da Universidade de Cambridge – Reino Unido, publicado em 2024 na Frontiers in Public Health, destaca que mais de 37% dos respondentes da pesquisa confirmaram que práticas de artesanato melhoraram, a curto prazo, os sintomas de ansiedade, estresse e depressão, além de potencializar a satisfação com a vida. Os pesquisadores analisaram 7.182 participantes residentes na Inglaterra, com 16 anos ou mais, presentes na pesquisa anual Taking Part, conduzida pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido, que explora como o público se envolve com essas atividades.

Assim como cuidamos do corpo, precisamos cuidar das emoções. Encontrar momentos de pausa é essencial para preservar a saúde mental e melhorar a qualidade de vida. Entre as diversas opções de atividades, o artesanato se destaca por ser uma atividade simples e de baixo custo, que estimula a liberação de dopamina, o hormônio do prazer, proporcionando uma sensação de paz.

Juliana Sanches, professora de Amigurumi, técnica japonesa de criação de bonecos de crochê, aprendeu a confeccionar os bonecos após um quadro de depressão. Hoje, ela ensina mais de 10 mil alunas. “Quando engravidei do meu primeiro filho, estava desempregada, me sentia desvalorizada, entrei em um abismo emocional e desenvolvi um quadro de depressão. Foi de forma despretensiosa que encontrei os Amigurumis. Estava fazendo bonecos para presentear meu filho e encontrei ali uma forma de terapia para ocupar minha mente. Isso me transformou, encontrei meu dom, investi no meu sonho e hoje ensino mais de 10 mil pessoas, dentro e fora do Brasil”, destaca Juliana. 

Processos criativos ativam diferentes áreas do cérebro, aprimorando funções cognitivas como resolução de problemas, memória e criatividade. Costurar, pintar, bordar, tricotar ou modelar, qualquer atividade manual contribui para fortalecer a autoestima, desenvolver a paciência, estimular o foco e a concentração, além de promover um sentimento de conquista. Outro ponto importante é o aspecto social, já que produtos feitos à mão potencializam conexões e fortalecem vínculos, reduzindo a sensação de solidão.

“O Amigurumi me abriu muitas portas. Comecei como forma de expressar o amor pelo meu filho e, hoje, se tornou minha profissão, o trabalho que eu amo! O artesanato é um convite para o autocuidado. Nesse processo, é possível dedicar tempo e carinho a criar algo do zero, o que nos ajuda a entender nossa capacidade de ser e de conquistar o que quisermos, além de melhorar nosso emocional. Finalizar uma peça traz uma sensação de realização que fortalece a autoestima e promove bem-estar”, pontua.

Lyzie Vitorino
Jornalista

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