Tratamento contra o câncer pode aumentar risco de diabetes em crianças e adolescentes
Nova pesquisa reacende essa questão e indica que os jovens que sobreviveram ao câncer devem ter a saúde avaliada como um todo
4 de fevereiro marcou o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer. E há uma tendência positiva aqui: a terapia para diversos cânceres, especialmente na criança e no adolescente, têm levado a um aumento expressivo na qualidade de vida e na sobrevida. Justamente daí surge uma preocupação: quais são os efeitos adversos de longo prazo derivados dos tratamentos oncológicos? O diabetes parece ser um.
Não é de hoje que a ciência coloca o diabetes como uma possível consequência tardia do tratamento de câncer na infância e juventude. Mas isso aconteceu eminentemente em estudos retrospectivos, ainda não validados em grandes populações de forma prospectiva – ao longo do tempo.
Uma pesquisa publicada em fevereiro no período Diabetes Care por pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, resolveu determinar a extensão do risco de diabetes e explorar os fatores que contribuem para o seu desenvolvimento em sobreviventes do câncer.
O estudo avaliou 4 .238 crianças e adolescentes que passaram por uma terapia contra o câncer. Em um acompanhamento médio de 14,4 anos, 163 indivíduos (3,8%) receberam o diagnóstico de diabetes.
A irradiação corporal total – um efeito da radioterapia – aumentou o risco ao longo do tempo em 21%. Para efeito de comparação, esse número ficou em 8,4% nos pacientes que não receberam a irradiação.
Sobreviventes tratados com corticosteroides apresentaram um risco aumentado de 7,7% ao longo prazo em comparação com aqueles que não utilizaram esse medicamento; já aqueles que receberam transplante de células-tronco da medula óssea, de 19,6% (em comparação com 8,2% entre os que não se submeteram a esse procedimento).
Entre os pacientes que receberam transplante de medula óssea doada por outra pessoa, o risco de diabetes em longo prazo foi de 25,7%. Nos que passaram por transplante usando a própria medula óssea (autólogo), o risco foi de 7,9%.
O que esse estudo muda na prática dos médicos?
A investigação indica que oncologistas, hematologistas e endocrinologistas devem estar cada vez mais em contato, analisando o paciente como um todo. Após o término do tratamento oncológico, a família e o paciente deveriam ser orientados e acompanhados para adotar medidas que ajudam a prevenir ou diagnosticar precocemente o diabetes. Isso envolve tanto hábitos de vida saudáveis como a realização de exames periódicos.
19 de fevereiro de 2025
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