Faça uma reserva de emergência financeira para preservar a saúde mental
Preparar-se financeiramente para imprevistos, como uma conta médica ou uma demissão, ajuda a amortecer o estresse dessas situações
Pode ser um carro quebrando, uma conta médica inesperada ou até mesmo uma demissão repentina. Se há uma coisa que sabemos sobre imprevistos, é que eles acontecem – só não sabemos “quando”.
Ou seja, é preciso se preparar e guardar dinheiro para essas intempéries, até para que elas sejam menos angustiantes. A chamada reserva de emergência funciona justamente como um colchão financeiro, capaz de amortecer os choques da vida sem que você precise se endividar.
Ter uma reserva de emergência é mais do que uma estratégia financeira; é uma decisão que impacta diretamente na tranquilidade.
A relação entre finanças e saúde mental
Problemas financeiros são grandes fontes de estresse, com efeitos consideráveis na saúde. Pesquisas como uma da Yale School of Medicine mostram que dificuldades financeiras após um ataque cardíaco aumentam a vulnerabilidade dos pacientes.
De forma parecida, um estudo da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), indica que o estresse financeiro afeta mais a saúde mental das crianças do que a interrupção escolar provocada pela quarentena. Curioso, não? Problemas financeiros domésticos são catalisadores relevantes de distúrbios mentais durante as incertezas econômicas.
Quando as contas se acumulam e a incerteza financeira bate à porta, a paz de espírito vai embora, levando a dores de cabeça, problemas digestivos, enfraquecimento do sistema imunológico e outras consequências físicas. A mente e o corpo estão interligados, e a saúde financeira é crucial para a manutenção do bem-estar geral.
Assim, formar uma sólida reserva de emergência é uma resposta eficaz para combater o estresse financeiro, protegendo sua saúde mental.
Os primeiros passos para construir uma reserva de emergência
Agora que você entendeu a importância de ter uma reserva, aqui vão algumas etapas práticas para ajudá-lo a estabelecê-la:
Avalie suas despesas e renda
O primeiro passo é fazer um orçamento detalhado que inclua todas as despesas fixas e variáveis. Isso dará uma ideia de quanto dinheiro você precisa economizar para cobrir pelo menos três meses de despesas. O ideal é ter mais do que apenas três vezes o seu gasto médio mensal em uma reserva de emergência, mas essa quantia já é um excelente começo.
Defina um objetivo de economia
Com a meta estabelecida, agora é hora de determinar o percentual do orçamento destinado à formação da sua reserva. Se você está começando, um objetivo inicial pode ser economizar 10% da renda mensal. Alguns poderiam alegar que o mínimo deveria ser 20%, porém é mais importante definir uma meta inicial capaz de se sustentar ao longo do tempo do que estabelecer um objetivo alto demais e já não conseguir cumpri-lo no segundo mês.
Automatize seus aportes
Uma das maneiras mais eficazes de garantir que você continue economizando é automatizar suas transferências para a reserva de emergência.
Mantenha a reserva acessível, mas separada
Sua reserva de emergência deve ser facilmente acessível em caso de urgência, mas é importante mantê-la separada das contas bancárias que você usa no dia a dia. Isso para evitar a tentação de gastá-la em despesas não urgentes. Configure uma transferência automática mensal de uma parte da renda diretamente para uma conta separada destinada à reserva. Seja em outro banco ou em uma corretora.
A consultoria financeira é uma excelente aliada
Assim como a consulta médica, em que o profissional de saúde indica o melhor remédio para cada caso, a consultoria financeira é primordial para decidir quais investimentos priorizar para a sua reserva de emergência, qual percentual do seu patrimônio deve ser alocado e o que esperar no longo prazo.
Prevenção é a palavra de ordem, tanto do ponto de vista médico como financeiro. Se tudo isso for feito, sua saúde mental agradece.
24 de maio de 2024
,Renan Zanella
Sócio-diretor de consultoria da Zanella Wealth e administrador pela USP.