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Kisunla: nova esperança contra o Alzheimer está chegando ao Brasil

Esse medicamento, voltado para as fases iniciais da doença,deve desembarcar no país já em setembro de 2025. Conheça sua utilidade

Uma notícia recente trouxe esperança para muitas famílias: o medicamento Kisunla, desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, pode começar a ser vendido no Brasil já em setembro de 2025. A previsão é animadora, mas depende de ajustes logísticos e negociações finais antes de ser confirmada. 

Esse remédio representa um marco no tratamento do Alzheimer, especialmente para quem descobre a doença bem no início.

Para quem o Kisunla é indicado?

Ele não é para todos os casos de Alzheimer. Seu uso está concentrado em pessoas que estão nas fases iniciais da doença, a saber:

  • Quem tem comprometimento cognitivo leve: quando o paciente apresenta esquecimentos além do comum, mas ainda mantém boa autonomia para atividades diárias. 
  • Quem está na fase de demência leve: há pequenas dificuldades em tarefas cotidianas, porém sem perda total da independência.

Para usar o medicamento, também é preciso confirmar, por meio de exames, se existe o acúmulo da proteína beta-amiloide no cérebro, uma das marcas do Alzheimer. Isso significa que o Kisunla é voltado para um grupo específico e não pode ser indicado de forma indiscriminada.

Como o remédio funciona e quais seus benefícios?

O Kisunla é um anticorpo monoclonal, que atua como um “soldado de defesa” no corpo. Ele tem a missão de atacar e remover as placas de beta-amiloide que se acumulam no cérebro e prejudicam o funcionamento dos neurônios.

O tratamento ocorre por meio de infusões na veia, geralmente uma vez por mês. O grande diferencial é que não precisa ser tomado para sempre. Quando os exames mostram que a maior parte dessas placas foi eliminada, as aplicações podem ser interrompidas. Aliás, o tempo máximo de uso é de 18 meses. 

Os estudos clínicos mostraram resultados animadores: o Kisunla reduziu em até 35% a velocidade de progressão da doença, preservando memória e autonomia dos pacientes por mais tempo.

Possíveis efeitos colaterais

Como todo medicamento inovador, o Kisunla exige cuidado. Os principais riscos observados nos estudos foram:

  • Inchaço no cérebro ou pequenos sangramentos, detectados em exames de imagem. Em muitos casos, não causam sintomas, mas podem disparar dor de cabeça, tontura ou confusão mental. Esse risco de inchaço cerebral e sangramentos é maior em pessoas com formas genéticas que conferem maior risco de doença de Alzheimer ao longo da vida. 
  • Reações durante a infusão, como febre, náusea, pressão baixa ou, em raras situações, reações alérgicas graves.

Quem começar o tratamento deve ser monitorado de perto com consultas e exames regulares.

Um reforço à importância do diagnóstico precoce

O Kisunla só funciona nas fases iniciais, e isso traz à tona um problema sério no Brasil: o subdiagnóstico do Alzheimer. Estima-se que cerca de 80% dos brasileiros convivam com essa demência sem saber.

Isso acontece porque o esquecimento muitas vezes é visto como uma consequência natural do envelhecimento, então a busca por ajuda médica só acontece quando os sintomas estão avançados. Nessa fase, infelizmente, o Kisunla não é eficaz.

Para que esse avanço realmente faça diferença, será fundamental que médicos, pacientes e familiares fiquem atentos a sinais precoces, como:

  • Esquecimentos frequentes e que atrapalham a rotina
  • Dificuldade em aprender informações novas
  • Alterações de humor ou comportamento sem motivo aparente
  • Perda de interesse em atividades antes prazerosas

Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de aproveitar os benefícios desse tipo de tratamento.

Mais do que esperar a chegada do Kisunla, é urgente que o Brasil invista na detecção precoce de demências. De nada adianta termos medicamentos de ponta se os pacientes continuarem sendo diagnosticados tarde demais.

Por Carlos Eduardo Barra Couri,

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Carlos Eduardo Barra Couri

Médico endocrinologista e curador do Portal Olhar da Saúde.

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