Magnésio: mineral milagroso ou mais uma moda passageira?
Deficiência do mineral só pode levar à suplementação em caso de orientação profissional
De tempos em tempos, algum alimento ou componente vem à tona nas manchetes como algo milagroso para o organismo ou como o vilão da vida de alguém. Muitas vezes, em vez de ajudar quem precisa de informação, essas notícias deixam as pessoas ainda mais confusas.
Agora é a vez do magnésio, um macromineral essencial que precisa fazer parte do nosso plano alimentar. Sua importância tem motivo, afinal ele é utilizado em mais de 300 reações bioquímicas necessárias para a manutenção da homeostase corporal, que é a capacidade de regulação de diversas funções do corpo, como a temperatura, a pressão arterial, entre outras. “O papel do magnésio na contração muscular é o de antagonista ao do cálcio, atuando no relaxamento da musculatura lisa e esquelética”, explica a nutricionista e educadora em diabetes Martha Amodio, coordenadora do caderno de nutrição da Momento Diabetes.
Ao ser questionada sobre o motivo de o magnésio reaparecer como “resolvedor” de muitas patologias, a nutricionista é categórica na resposta: “Ele reaparece de tempos em tempos porque a deficiência dele tem uma fonte: a vida moderna”.
Segundo a profissional, vários fatores têm contribuído para que o consumo de um mineral tão importante esteja diminuindo cada vez mais na população, como o processamento de alimentos, técnicas modernas de agricultura, com uso de fertilizantes artificiais, escolhas alimentares pobres, má absorção intestinal, abuso de álcool, além de várias doenças, como o diabetes. A lista de motivos, no entanto, não para por aí.
Quando um corpo tem deficiência de magnésio, vários sinais e sintomas podem ser percebidos, em alterações como:
- Ansiedade
- Cãibra, formigamento ou tremores
- Dificuldade de evacuação
- Falta de apetite
- Fraqueza muscular
- Hiperatividade
- Insônia
- Irritabilidade
- Náuseas e vômitos
- Nervosismo
- Redução da memória
- Taquicardia
- Tontura
- Zumbido.
E não basta perceber que o indivíduo tem alguns desses sintomas e já diagnosticar como deficiência do mineral. “É preciso avaliar a ingestão e absorção alimentar, uso de medicamentos, doenças existentes e a coleta de exames de sangue e urina”, salienta Martha. Pessoas com diabetes, por exemplo, têm maior propensão à deficiência de magnésio.
De acordo com a nutricionista, é preciso ficar atento, ainda, à quantidade diária de magnésio ingerida. “A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma instrução normativa referente aos níveis máximos de consumo com segurança de vitaminas e minerais. Segundo o documento, um adulto pode consumir até 350 mg de magnésio por dia”.
Vale lembrar, no entanto, que essa quantidade varia em caso de gestantes, lactantes, jovens e crianças e, ainda, há a contraindicação do consumo por pessoas com hipermagnesemia, isto é, concentração plasmática de magnésio, causada principalmente por insuficiência renal.
Fontes de magnésio
Hoje o mercado oferece inúmeros compostos com magnésio e frascos que prometem entregar o mineral puro, pronto para ser ingerido. Entretanto, existem fontes saudáveis e deliciosas que a natureza oferece prontas para o consumo, como:
- Abacate
- Amendoim
- Broto de feijão
- Cacau
- Caju
- Camarão cozido
- Espinafre
- Feijão preto
- Kiwi
- Ovo cozido
- Semente de abóbora
- Entre tantos outros.
Portanto, o magnésio é um mineral importante para a saúde, mas ele sozinho não fará milagre, e consumi-lo sem recomendação profissional séria é um perigo para a saúde.
A indicação para suplementar o magnésio deve ser feita pelo nutricionista ou pelo médico, com base no histórico clínico do paciente e na avaliação de exames laboratoriais. “Se houver necessidade de suplementação, existem várias formas de administração, devendo ser considerado o caso de cada paciente. Nunca tome suplemento sem indicação do seu médico ou nutricionista”, finaliza Martha.
3 de maio de 2024
,Letícia Martins
Jornalista com foco em saúde, escritora, fundadora da Momento Saúde Editora e da revista Momento Diabetes.