Além da balança: saúde, beleza e o poder da transformação
Especialistas abordam a importância de um cuidado contínuo para evitar os riscos da obesidade e restaurar a autoestima após a perda de peso
O sobrepeso e a obesidade continuam a crescer entre os brasileiros, atingindo 56% da população adulta, segundo dados do Congresso Internacional sobre Obesidade. A expectativa é preocupante: até 2044, 48% dos adultos no país podem enfrentar a obesidade, uma condição que vai muito além da aparência e exige atenção integral à saúde. Com o avanço das opções de tratamento e o apoio de uma equipe médica especializada, pessoas com obesidade encontram novas formas de cuidar da saúde e, em alguns casos, restaurar a autoestima.
A obesidade está associada a diversos problemas de saúde, incluindo riscos vasculares. O excesso de peso coloca a saúde do sistema circulatório em risco, favorecendo o aparecimento de tromboses, hipertensão, diabetes e aumentando o risco de embolia pulmonar. O acompanhamento regular e o cuidado com a saúde preventiva são fundamentais para evitar essas condições.
A jornada de controle do peso corporal bem-sucedido não se limita a um número na balança, mas passa por uma mudança integral nos hábitos e um acompanhamento multidisciplinar. Essa abordagem, com o apoio de especialistas em várias áreas, é essencial para uma saúde duradoura e equilibrada.
Cirurgia bariátrica: uma ferramenta importante, mas não isolada
A cirurgia bariátrica é uma das opções terapêuticas para o tratamento da obesidade. Um estudo recente da USP mostrou que, dentro de dois anos, aproximadamente 92% dos pacientes voltam a ganhar peso. Para que os resultados sejam sustentáveis, é necessário transformar a abordagem à saúde.
Muitos pacientes acreditam que a bariátrica é uma solução definitiva. A cirurgia não pode ser vista como um atalho fácil. Sem reeducação alimentar, exercício físico regular e apoio psicológico, o paciente enfrenta o risco de ganho de peso e das mesmas complicações associadas à obesidade. Emagrecer com saúde é um processo de longo prazo.
Verivelton Mioto, de 44 anos, contou sua experiência com o reganho de peso, destacou a importância do acompanhamento médico e ressaltou suas novas conquistas. “Fiz a Bariátrica em 2018 e emagreci cerca de 50 quilos. Na época, cheguei a pesar 160 quilos e encontrei na cirurgia uma forma de emagrecer e ajudar nos demais problemas de saúde que adquiri ao longo do tempo, como pré-diabetes. Acredito que o acompanhamento é indispensável. Quando realizei a cirurgia, fiz 6 meses de monitoramento com psicólogo, nutricionista e preparador físico. Isso mudou meu jeito de olhar para comida como fuga.”
“Na pandemia acabei engordando novamente, cheguei quase ao peso que estava quando operei e entendi que não estava preparado para viver com estômago reduzido. Minha mentalidade era de comer mais do que aguentava para saciar minha ansiedade. Não adianta passar por procedimentos invasivos, se não colocarmos a cabeça no lugar. Atualmente estou recuperando meu peso através de hábitos saudáveis e exercícios físicos, saindo de 140 para 93 quilos”, concluiu Mioto.
O papel da cirurgia reparadora na recuperação da autoestima
Após a perda de peso, especialmente em casos de obesidade grau 3, é comum o excesso de pele, que pode impactar tanto a saúde quanto a autoestima do paciente. Aqui, a cirurgia reparadora se torna um importante complemento no tratamento, proporcionando bem-estar e uma aparência que reflita o esforço do paciente.
Dr. Fernando Lamana, cirurgião plástico, explica que a cirurgia reparadora ajuda a redefinir o contorno corporal e a eliminar o excesso de pele que pode surgir após a bariátrica. “A cirurgia não é apenas estética, ela devolve o conforto ao paciente e é uma etapa importante para que ele se sinta bem com o corpo após todo o processo de emagrecimento”, afirma Dr. Fernando.
O especialista destaca que novas técnicas têm se mostrado eficazes em promover uma retração da pele rápida e natural.
Para tratar a obesidade e recuperar a saúde, o processo exige mais do que procedimentos ou tratamentos isolados. A abordagem demanda um cuidado contínuo, com a orientação de uma equipe multiprofissional e o compromisso com a reeducação alimentar, o exercício físico e a saúde mental.
Por Dr. Armando Lobato, 15 de dezembro de 2024